“Isolados”, acesso de idosos à internet chega a 97% na pandemia
Segundo pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), em 2018, o valor pouco ultrapassava os 68%
atualizado
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Honório Gabriel Silva, policial militar aposentado, sentiu na pele a dor do isolamento, imposto pela pandemia da Covid-19, duas vezes. Uma, quando precisou se afastar da maior parte dos familiares para evitar se contaminar. A outra, quando se viu internado em uma Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) para lutar contra a doença.
Com 74 anos, Silva é categórico ao afirmar: a comunicação via WhatsApp, impensável há anos, foi essencial nos dois momentos. E, assim como ele, boa parte da população idosa acima de 60 anos se mergulhou de vez nas benesses da tecnologia.
Segundo pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em 2018, 68% dos brasileiros acima de 60 anos acessavam a internet. O número disparou em 2020, chegando a 97%.
Segundo o relatório, 86% dos idosos aprenderam a usar a internet para não perder contato com as pessoas amadas. O método preferido? WhatsApp. Assim como Silva, 91,9% dos entrevistados usa o aplicativo como único meio de comunicação.
Busca por informação
Não é apenas saudades que os mais velhos querem superar. Quase 70% deles indicaram que o principal motivo para o acesso à internet é a busca por informações. A contadora aposentada, Célia Maria Ferreira, afirmou ser isso o que ela mais faz ao celular. “É o meio mais ágil para acompanhar as notícias”, disse.
Alvo fácil de golpistas
O uso da tecnologia por pessoas com mais de 60 anos, por outro lado, é motivo de preocupação entre especialistas. Para o advogado Hugo Cysneiros, eles são mais propensos a cair em golpes.
“As pessoas mais velhas são induzidos por delinquentes profissionais que se aproveitam desse abismo entre gerações”, disse o especialista em proteção de dados da Sarubbi Cysneiros Advogados Associados.
“Além disso, eles sabem que não há o que apontamos como ‘instintividade’ dos mais jovens em relação a esses golpes”, completou.
Confira algumas dicas dadas por Cysneiros:
- Não passe seus dados pessoas a estranhos. Mais ainda: se convencer de que hoje em dia bancos, por exemplo, não ligam mais para o celular de clientes para solicitar dados ou confirmações de senhas
- Nunca, jamais, explore e-mails ou softwares desconhecidos e com destinatários não identificados
- Sempre tenha instalado em seus aparelhos antivírus atualizados
- Se sentirem dificuldade com o lidar dessas tecnologias, peça ajuda sem constrangimento