Irmão de Alcolumbre com R$ 500 mil: motorista citou “campanhas”
O advogado Samuel Alcolumbre disse à polícia que era dono de R$ 500 mil apreendidos com motorista na zona norte de São Paulo
atualizado
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São Paulo – Em depoimento à polícia, o motorista que transportava R$ 500 mil para o irmão do senador Davi Alcolumbre (DEM-AP), Alberto Alcolumbre, fez menção a “campanhas políticas”. Ele alegou que prestava serviço para um advogado que representava empresários que financiam campanhas políticas, de acordo com boletim de ocorrência a que o Metrópoles teve acesso.
Os investigadores avaliam se a menção genérica a “campanhas políticas” foi uma estratégia para, no pior cenário, transferir o caso para a Justiça Eleitoral, onde o dinheiro poderia ser tratado simplesmente como “caixa dois”.
De todo jeito, a versão do motorista diverge da versão alegada à polícia pelo advogado Alberto Samuel Alcolumbre Tobelem. O motorista foi abordado por policiais militares por volta das 0h30 desta sexta-feira na Avenida Olavo Fontoura, na altura do número 1.205, em Santana, zona norte de São Paulo.
Bloqueio policial
Os PMs registraram que fizeram a abordagem porque o motorista “demonstrou certo desconforto, desligando os faróis e acionando marcha a ré” depois de notar o bloqueio policial.
Os policiais desconfiaram da atitude do motorista e decidiram abordá-lo. Só que, ao se aproximar, notaram que ele “retirava duas bolsas de viagem do interior do automóvel”, ainda de acordo com o boletim de ocorrência.
Com a aproximação, os agentes verificaram o conteúdo das malas e descobriram que havia enorme quantidade de dinheiro em espécie, posteriormente contabilizada em R$ 499.970,00.
Ao ser questionado pela polícia sobre a origem do dinheiro, o motorista disse que trabalhava como motorista de aplicativo e que foi contratado “por um advogado que representa um grupo de empresários que financiam campanhas políticas”.
O motorista alegou que guardaria o dinheiro em sua casa até receber novas instruções desse advogado, ao longo desta sexta-feira (25).
Aceno para motorista
Só que, pouco depois da abordagem dos PMs, apareceu no local o advogado Samuel Alcolumbre, que “acenou para Sérgio”, ainda de acordo com os policiais militares.
Os agentes desconfiaram da atitude e também abordaram Alcolumbre, que alegou aos policiais que o dinheiro lhe pertencia e que seria o “pagamento de um advogado que contratara”.
No boletim de ocorrência, os policiais registraram que é “atípico” o transporte de dinheiro “dessa magnitude e da maneira como ocorreu”, mas pontuam que isso não é necessariamente uma conduta ilegal, que precisa de análise mais “acurada” sobre a origem do dinheiro.
Origem do dinheiro
Se for demonstrada a “licitude” do dinheiro, os policiais registraram que os valores serão devolvidos “a quem de direito”.
O caso foi registrado como “localização/apreensão de objeto” no 13º Distrito Policial (Casa Verde). O Metrópoles apurou que a apreensão também é acompanhada por promotores especializados em lavagem de dinheiro e crime organizado do Ministério Público do estado de São Paulo.
Estudo jurídico
Em entrevista ao Metrópoles, o advogado Alberto Samuel Alcolumbre Tobelem alegou que os R$ 500 mil pagariam um estudo jurídico.
“Já esclareci todos os fatos à autoridade policial, logo tudo será resolvido”, disse Alberto.
O irmão de Alcolumbre também disse que alegou para a polícia que o dinheiro em espécie é fruto de seu trabalho como advogado e de transações comerciais particulares como compra e venda de carros.