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Investigado por lavagem em conta do BB nos EUA, pai de Cid recebeu executivos do banco 4 vezes

A Apex, cujo escritório o general comandava, diz que não há registro da pauta dos encontros nem do resultado das conversas

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Mauro Cid e o pai
1 de 1 Mauro Cid e o pai - Foto: Reprodução

De junho de 2019 a janeiro de 2023, enquanto chefiou o escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) em Miami, nos Estados Unidos, o general Mauro Cesar de Lourena Cid teve, ao menos, quatro reuniões com executivos do Banco do Brasil, onde o militar tem uma conta investigada pela Polícia Federal (PF) por lavagem de dinheiro – e por onde há rastros dos recursos envolvidos na negociação ilegal de presentes recebidos de governos estrangeiros pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e sua equipe.

Pai do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o general da reserva foi alvo de um mandado de busca e apreensão nesta sexta-feira. Ele é apontado como negociador e articulador da comercialização de joias e esculturas recebidas de outros países durante o governo passado, para lucro do próprio grupo.

A mesma conta do general no BB, segundo fontes, é alvo de apuração por outras remessas feitas pela família Cid aos EUA, por estar supostamente ligada a negócios imobiliários no exterior. Como o Metrópoles mostrou em maio deste ano, outro filho de Mauro Lourena Cid, Daniel Cid, é dono de vários imóveis em território americano, incluindo uma mansão na Califórnia.

Documentos mostram que, da agenda oficial de Lourena Cid no escritório da Apex em Miami, constam quatro encontros com altos executivos do BB nos EUA. Alguns, inclusive, ocorreram em períodos próximos às datas das supostas negociações dos presentes.

João Fruet, então CEO do BB Americas, visitou o general Lourena Cid em dezembro de 2022. Carlos Omine, antecessor de Fruet no cargo, aparece na lista ao lado da referência “2020-2022”, dando a entender que houve encontros ao longo do período. Antonio Cassio Segura, que também já foi CEO do BB Americas, consta na agenda do general ao lado do registro “2019-2022”. Aroldo Medeiros, então diretor-presidente do Banco do Brasil DTVM, se encontrou com o militar em 2022.

Indagada pela reportagem sobre o motivo dos encontros e os resultados práticos das conversas, a Apex, já sob gestão do atual governo, do PT, informou que “não há registro do resultado das conversas do general com o BB Américas”. Disse ainda que “não há sequer o tema da pauta dos encontros”.

Cargo figurativo

Por várias semanas, o Metrópoles questionou a Apex sobre a real função do general na agência. Fontes já afirmaram que Lourena Cid tinha um papel de figuração, apesar de sua função ter um salário de cerca de US$ 15 mil. Segundo essas fontes, o general não entendia dos negócios da agência e não fazia questão de participar de debates técnicos. Oficialmente, porém, a Apex afirmou, por meio de sua assessoria de imprensa, que Lourena Cid apresentou “satisfatoriamente as competências previstas para o cargo, o que ficou evidenciado por meio de ciclos avaliativos que participou”.

O Metrópoles solicitou acesso aos resultados dessas avaliações, mas os pedidos foram negados – um deles, foi feito por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI). O órgão enviou, no entanto, uma lista com uma série de projetos supostamente coordenados pelo pai de Mauro Cid. O documento mais parece uma lista com todos eventos que a Apex faz anualmente, organizados pelo corpo técnico da unidade. Não foi apontada, objetivamente, a participação concreta do general em cada tarefa.

BB não comenta

Também procurado, o Banco do Brasil respondeu por meio de nota que “não comenta sobre detalhes de cada reunião por motivos de sigilo negocial e bancário”.

O banco afirmou que, “como maior apoiador do comércio exterior brasileiro, sempre manteve e segue mantendo relação institucional, estratégica e comercial com instituições promotoras do comércio exterior brasileiro”.

A instituição disse ainda que “todos os encontros com representantes da Apex – no Brasil ou no exterior – têm o objetivo de apoiar a promoção da exportação de produtos e serviços de empresas brasileiras no exterior e na atração de investimentos estrangeiros para setores estratégicos da economia brasileira, inclusive com encontros públicos, por meio de seminários presenciais ou de forma on-line para empresários brasileiros”.

Por fim, a nota diz que, “nos EUA, o conglomerado BB também mantém relacionamento negocial com a Apex Brasil, tanto em negócios como em processamento de folha de pagamento de funcionários daquela instituição”.

A agenda de Mauro Lourena Cid registra também a visita de um corretor de imóveis, Miguel Kaled Junior, que entrou no escritório da Apex por quatro anos, de 2019 a 2022.

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