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Ex-genro de Lula faz lobby em Brasília e voa em jatinho da FAB

Marcelo Sato, que já foi alvo de investigação, tem uma firma de consultoria que trabalha com captação de verbas públicas

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Em foto colorida, Marcelo Sato, ex-genro do presidente Lula
1 de 1 Em foto colorida, Marcelo Sato, ex-genro do presidente Lula - Foto: Reprodução

Ex-genro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o sociólogo Marcelo Sato tem circulado com desenvoltura por Brasília em busca de verbas do governo federal para clientes de sua empresa de consultoria.

Graças à relação que construiu nos anos em que foi casado com Lurian Lula da Silva, filha mais velha do presidente, ele tem tido acesso a importantes autoridades da Esplanada dos Ministérios.

Em fevereiro deste ano, Sato chegou até a pegar carona em jatinhos da Força Aérea Brasileira na companhia do ministro do Trabalho, Luiz Marinho.

O ex-genro de Lula é sócio-proprietário da Federal Consultoria de Negócios Ltda., cuja sede está em um espaço de escritórios compartilhados chamado na Asa Norte, em Brasília.

A empresa tem como objetivo declarado auxiliar seus clientes – cujos nomes não são conhecidos publicamente – a captarem recursos públicos em prefeituras, governos estaduais e governo federal.

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Sato faz questão de manter viva a ligação com a família Lula: no Facebook, em 2018, ele postou uma foto do presidente, à época preso, em homenagem pelo Dia dos Pais
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Fernanda Cruz e Marcelo Sato, sócios na Federal Consultoria

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Sato faz questão de manter viva a ligação com a família Lula: no Facebook, em 2018, ele postou uma foto do presidente, à época preso, em homenagem pelo Dia dos Pais

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Na consultoria, Sato tem como sócia sua atual namorada, Fernanda Marino Cruz, formada em administração hospitalar.

A firma foi aberta em 2018. Ao Metrópoles, Fernanda Cruz disse que o foco da empresa atualmente está na captação de recursos nas áreas de Saúde e Educação. Entre as fontes de verbas estão emendas parlamentares, cuja liberação depende do governo federal.

“Atuamos na área da Saúde. Também faço captação de recursos para outras áreas, como Educação, mas o foco hoje é a Saúde”, disse ela.

Também procurado, Marcelo Sato não foi localizado. Fernanda Cruz não quis informar os contatos dele. “Eu respondo pela empresa, [sou] eu que apareço”, afirmou.

A sócia de Sato também não quis dizer quais são os atuais clientes da consultoria, sob o argumento de que os contratos são protegidos por cláusulas de sigilo.

Sem dar detalhes, ela mencionou como exemplo apenas uma Santa Casa de Misericórdia (não disse qual, nem de onde), instituição filantrópica que costuma receber recursos públicos para prestar serviços hospitalares.

Com ministro nas asas da FAB

No início deste ano, Marcelo Sato e Fernanda Cruz tiveram o privilégio de voar pelo menos duas vezes a bordo de jatinhos da FAB que fazem o transporte de integrantes do alto escalão do governo.

Os nomes de ambos aparecem nas listas de passageiros dos voos sem maiores informações.

As caronas ocorreram em voos solicitados à FAB pelo ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho.

A primeira viagem foi no dia 10 de fevereiro, quando Sato e sua sócia voaram de Brasília para São Paulo junto do ministro e sua comitiva.

O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, em entrevista ao Metrópoles
O ministro Luiz Marinho: carona em dois voos

Três dias depois, novamente com Luiz Marinho a bordo, o casal fez o caminho de volta, partindo de São Paulo com destino a Brasília.

Ao Metrópoles, o ministério confirmou as duas caronas, mas não deu informações sobre possíveis interesses da Federal Consultoria junto à pasta ou ao ministro Luiz Marinho.

O ministério afirmou que a presença do casal a bordo obedeceu “os critérios de disponibilidade de assentos nas aeronaves”. “Ambos viajaram nas vagas remanescentes dos voos”, afirmou a pasta, em nota.

Laços no ABC paulista

Assim como Luiz Marinho, Marcelo Sato e Fernanda Cruz são do ABC Paulista, berço do sindicalismo brasileiro, onde o presidente Lula passou boa parte da vida e iniciou sua trajetória política.

Fernanda mora hoje em Brasília, mas nasceu e fez carreira profissional em São Bernardo do Campo, cidade da qual Luiz Marinho foi prefeito entre 2009 e 2017. Ela e Sato namoram desde 2018.

A sócia da Federal Consultoria diz que seu papel na empresa não é apenas cuidar da atividade-fim, mas também apresentar propostas para que parlamentares destinem recursos, por meio de emendas, a instituições que contratam a firma.

Já a função de Marcelo Sato, segundo ela, é mais política. O ex-genro de Lula, que já trabalhou como assessor parlamentar e transita bem no meio político, cuida de negociação dos contratos com os clientes.

Quando estava casado com Lurian Lula da Silva, Marcelo Sato chegou a ter o nome mencionado em uma operação da Polícia Federal. Ocorreu em 2008. À época, ele foi flagrado atuando como lobista junto a empresários investigados por desfalques milionários contra os cofres públicos. A suspeita era de que ele estaria fazendo tráfico de influência. No final, as provas foram consideradas nulas e ele saiu do caso ileso.

Em seu currículo, Sato diz já ter trabalhado para a Presidência da República, embora não haja registros públicos disso. Ele menciona ainda ter atuado como assessor de relações institucionais de uma faculdade no interior do Espírito Santo. O ex-genro de Lula ainda foi assessor parlamentar da então deputada estadual Ana Paula Lima (PT), em Santa Catarina – hoje ela é deputada federal.

“Abrem-se oportunidades”

Fernanda admite que o atual governo abriu novas perspectivas para a empresa: “Acredito que, com a melhora da economia no Brasil, abrem-se outras oportunidades. Esse é um dos principais fatores que podem beneficiar a nossa captação de recursos, além da reforma tributária, que também pode facilitar esse processo”.

Embora tenha voado com o namorado nos jatinhos da FAB que transportavam o ministro Luiz Marinho, ela nega que a empresa tenha demandas no Ministério do Trabalho ou em outras pastas. “Chegamos a apresentar propostas de emenda para grande parte dos parlamentares neste ano. Com ministérios é diferente, a captação é via projeto, via fundos. Não nos reunimos com ministério”, afirmou.

O ministro Luiz Marinho também foi procurado, mas até a publicação desta reportagem não respondeu às tentativas de contato.

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