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Investigação sobre fraudes na Série B apura ligação com estaduais 2023

Operação foi realizada pelo MPGO. De acordo com órgão, são apuradas alterações de resultados em três jogos, por meio de pênaltis

atualizado

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Divulgação/MPGO
goias mpgo investiga manipulacao de jogos de futebol
1 de 1 goias mpgo investiga manipulacao de jogos de futebol - Foto: Divulgação/MPGO

Goiânia – De acordo com o Ministério Público de Goiás (MPGO), o material apreendido no cumprimento de mandados judiciais da Operação Penalidade Máxima, deflagrada nesta terça-feira (14/2), traz indícios de que as fraudes em jogos de futebol seguem ativas nas partidas dos campeonatos estaduais em 2023. De acordo com a ação, apenas em um dos jogos manipulados, o lucro estimado pela organização era de R$ 2 milhões.

A operação tinha como objetivo a obtenção de provas de associação criminosa especializada na manipulação de resultados de partidas de futebol profissional, especificamente em relação a jogos da Série B do Campeonato Brasileiro de Futebol do ano passado. Conforme o órgão, foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão e um de prisão temporária, em Goiânia, São João Del-Rei (MG), Cuiabá (MT), São Paulo (SP), São Bernardo do Campo (SP) e Porciúncula (RJ).

O MPGO divulgou uma imagem, um print de conversa de WhasApp de um celular apreendido na operação com um dos suspeitos. O diálogo recente sinaliza novas combinações de manipulação, envolvendo outras condutas de jogo passíveis de aposta, como número de escanteios e cartões vermelhos.

Partidas investigadas

O promotor de Justiça responsável pela ação, Fernando Cesconetto, detalhou que denúncia do esquema foi feita pelo Vila Nova Futebol Clube, de Goiânia, com indicações de manipulação em três partidas da Série B do Campeonato Brasileiro do ano passado para atender a interesses de apostadores.

Um ex-jogador do Vila, inclusive, é investigado por envolvimento direto no esquema.

Conforme o MPGO, o grupo criminoso atuava mediante a cooptação de atletas para realização de uma ação específica nas partidas, no caso, o cometimento de pênalti no primeiro tempo dos jogos.

De acordo com explicação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), as três partidas envolvidas foram os jogos Vila Nova x Sport, Criciúma x Tombense e Sampaio Correa x Londrina. No entanto, apesar da tentativa de manipulação e do pagamento antecipado ao jogador, na partida do Vila Nova o pênalti não foi cometido. Nas outras duas, o evento ocorreu.

“Para a aposta dar certo, era preciso que os pênaltis acontecessem, mas no jogo do Vila Nova não aconteceu, o que gerou um prejuízo para os apostadores. Os atletas receberiam R$ 150 mil para cada, seriam pagos de R$ 10 mil de sinal e R$ 140 mil após o êxito do evento. Como no caso do Vila Nova não houve sucesso, o grupo começou a cobrar ostensivamente o jogador. […] Houve a tentativa de cooptação, um atleta ficou responsável de que outro praticasse esse pênalti, mas houve uma reação no vestiário e não houve o cometimento da penalidade”, afirmou Cesconetto.

Novos suspeitos

De acordo com o MP, as apurações ainda estão em curso e, por isso, ainda não é possível confirmar quantas pessoas são investigadas e nem os nomes delas. Segundo Cesconetto, há indícios de que o grupo ainda esteja em atividade. Apesar da indicação de participação de um ex-jogador do Vila, o MP não quis dar detalhes sobre outros atletas envolvidos com o esquema.

“Não podemos precisar, nem indicar os jogadores. Estamos no início da operação, da análise do material apreendido, no entanto, uma parcela do grupo continua com as atividades, com apostas direcionadas, na intenção de cooptar jogadores e assim obter resultados específicos. Há indícios de outros jogos recentes do ano de 2023 com suspeita de manipulação de resultados”, disse o promotor.

Conforme ele, não há indícios da participação dos clubes no esquema de fraude. Segundo ele, a investigação está concentrada no indivíduos e não nas instituições. A operação mira em empresários, apostadores e nos próprios atletas. Segundo ele, o homem preso utilizava-se de uma empresa para efetuar o pagamento aos jogadores e também usava diversos CPFs para a mesma aposta.

Ainda segundo Cesconetto, ao menos, quatro condutas criminosas foram praticadas. De acordo com ele, os crimes abrangem associação criminosa, lavagem de dinheiro e dois delitos previstos no Estatuto do Torcedor, relacionados à corrupção em jogos de futebol: são as condutas dos artigos 41-C e 41-D.

Justiça Esportiva

Fernando Cesconetto informou os dados apurados na operação serão compartilhados com a Justiça Esportiva para as providências cabíveis. Mas descartou a possibilidade de que os indícios colhidos possam resultar em anulação de partidas.

Conforme a explicação do promotor, foi observado que o esquema dos apostadores tem como objetivo aumentar ao máximo a capacidade de ganhar e ter lucro com as apostas, por meio da manipulação.

Com informações do MPGO.

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