Investigação aponta que policiais executaram assaltantes em MT
Vítimas planejavam roubar fazenda de soja quando foram surpreendidos por três policiais. Crime era investigado desde abril de 2020
atualizado
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Três policiais militares seriam responsáveis por chacinar seis homens que tentarem roubar uma fazenda de soja, em Mato Grosso, em 18 de abril de 2020. O crime era investigado pela Polícia Civil do estado e pelo Ministério Público desde então.
Segundo o portal Uol, havia na fazenda roupas com marcas de tiros, documentos pessoais, mochilas, um celular sujo de sangue, várias cápsulas de balas e carros com marcas de tiros. Os corpos, no entanto, não foram encontrados até hoje.
Paulo Gustavo de Lima Lopes, 25, Arcelino Martins de Oliveira, 36, Francisco Barbosa de Miranda da Conceição, 26, Weberson Corrêa da Silva, 31, Francisco Wanderson Soares de Lima, 23, e Nicolas Jordane Pereira, 26, são apontadas como vítimas. Quatro testemunhas sobreviveram.
Segundo a investigação, os policiais Evandro dos Santos, João Paulo Marçal de Assunção e Roberto Carlos Cesaro esconderam os corpos após renderem e executarem os assaltantes. Eles respondem à acusação na ativa, em “serviços administrativos”, e não estão presos.
Além disso, o dono da fazenda, Agenor Vicente Pelissa, 51, foi acusado por fraude processual.
O assalto
De acordo com o Uol, em 9 de abril de 2020, Frascisco Diego Costa Lima fez uma proposta para Francisco de Assis: “Quer ganhar um dinheiro rápido?”. A partir dai, a dupla entrou em contato com outros assaltantes para combinar o crime.
Um deles, identificado como Bill, alertou o dono da fazenda, seu patrão, que o crime aconteceria, depois de se arrepender de ter aceitado a proposta.
O fazendeiro, então, foi orientado pelo então prefeito de Santa Carmen (MT), Rodrigo Frantz (PSD), a buscar “o comandante da PM” da cidade, Evandro dos Santos. Ele afirmou “que poderia resolver esse assunto, ou seja, que poderia fazer a segurança de sua fazenda, mas disse que este serviço teria um custo”.
O fazendeiro afirma ter pedido que o processo fosse feito legalmente, inclusive com registro de ocorrência, caso conseguissem evitar o roubo.
Na data do crime, o sargento teria pedido um carro ao dono da fazenda para proteger a propriedade. Segundo o fazendeiro, os policiais não estavam fardados quando chegaram no local.
Fotos
Por volta das 16h, então, Pelissa recebeu fotos de “três indivíduos presos”, mas não apresentou as fotos à polícia, alegando que estavam em um celular que descartou por orientação dos advogados.
Pelissa diz que não conseguiu falar com o sargento até 23h, quando recebeu uma ligação em que o suspeito pediu para ele acionar a Polícia Militar em União do Sul e ir à fazenda fazer uma limpeza lá sem dar maiores detalhes”. Na manhã do dia seguinte, o fazendeiro entrou em contato com a polícia, que encontrou diversos sinais de uma chacina no local.
Uma das testemunhas, conhecido como Capivara, afirmou em depoimento que o grupo havia sido recebido com tiros de pelo menos quatro indivíduos quando chegaram na fazenda, mas que conseguiu “cair no meio do milharal e fugir”. Ele diz ter visto “dois corpos no chão, uma viatura da Polícia Militar e outras duas camionetes escuras entrando e saindo do local”.
A versão foi confirmada pela polícia. “O que ficou claro, na investigação, é que houve a execução sumária daqueles indivíduos. Ali na fazenda houve uma ação de extermínio. Tenho a convicção de que foram todos mortos”, disse ao Uol o delegado Ferdinando Frederico Murta, da GCCO, um dos responsáveis pela investigação.