Internação em UTI por coronavírus pode custar até R$ 14,7 mil
Um paciente do SUS internado em unidade da clínica médica tem um custo aproximado de R$ 700 por dia. Governo tenta ampliar oferta de leitos
atualizado
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No foco das atenções de autoridades sanitárias, as unidades de terapia intensiva (UTIs) representam, para os casos graves, uma importante ferramenta de cura. Contudo, é um tratamento de alto custo.
Um levantamento da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie e Centro Mackenzie de Liberdade Econômica mostra que, no Sistema Único de Saúde (SUS), o valor da internação pode chegar a R$ 14,7 mil por paciente.
Segundo o estudo, um paciente do SUS internado em UTI clínica médica tem um custo aproximado de R$ 700 por dia. Um um paciente contagiado pelo coronavírus, por exemplo, fica internado de duas a três semanas na unidade de terapia intensiva.
Nos casos graves, a Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus, pode provocar pneumonia, produzindo um processo inflamatório que atinge os pulmões, fazendo com que os pacientes percam a capacidade respiratória e, portanto, necessitando de suporte ventilatório. Normalmente, esses equipamentos estão disponíveis apenas em leitos de UTI.
O Ministério da Saúde corre contra o tempo para viabilizar a montagem de mais leitos. A principal dificuldade é adquirir aparelhos respiradores.
Segundo o secretário-executivo da pasta, João Gabbardo, o Brasil tem, em média, 2,62 leitos a cada 10 mil habitantes, com um total de 55 mil — número do começo de março.
O estado de São Paulo tem 8.295 leitos (1,81 de taxa) e o Rio de Janeiro, 3.936 (2,28).
Apesar de o número parecer alto, 17 unidades da federação têm mais de 70% dos seus leitos de UTI ocupados e indisponíveis para atender casos da Covid-19, segundo o Ministério da Saúde.
Investimentos
Atualmente, o Brasil possui cerca de 65 mil respiradores, sendo que pouco mais de 46 mil estão disponíveis em UTIs do SUS.
O MS adquiriu 15 mil respiradores mecânicos, no valor de US$ 13 mil cada, com investimento de R$ 1 bilhão. A empresa tem até 30 dias para entregar os equipamentos no Brasil.
O Metrópoles entrou em contato com o Ministério da Saúde para a pasta comentasse os dados do levantamento, mas o órgão não se manifestou.
Para não faltar
Entre as medidas para as unidades de UTI brasileiras darem conta do volume de doentes, está o isolamento social. A partir dele, o número de internações fica fracionado e não sobrecarrega a rede de saúde.
“Os governantes, sem dúvida, terão que avaliar custos e benefícios em qual medida adotar: distanciamento social, isolamentos leves, quarentenas, isolamentos horizontais ou verticais e até o lockdown”, explica Vicente Bagnoli, professor da Faculdade de Direito da Universidade Presbiteriana Mackenzie.