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Intergalácticos x pragmáticos: entenda a disputa no bolsonarismo

Seguidores de Bolsonaro que reclamam de alianças pragmáticas com o Centrão estão sendo chamados de “intergalácticos” pelo ex-presidente

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Isabella Finholdt/Especial Metrópoles
Bolsonaro na paulista 7 de setembro 2024-16
1 de 1 Bolsonaro na paulista 7 de setembro 2024-16 - Foto: Isabella Finholdt/Especial Metrópoles

É melhor “perder de pé ou ganhar de quatro”? Essa expressão, que vem vendo usada entre bolsonaristas, tem dividido a direita no Brasil e preocupando o entorno do ex-presidente, que acusa pretensos aliados de estarem agindo para desgastar Bolsonaro para tentar tomar-lhe o capital político. Hoje defensor de uma atuação política mais conciliadora e menos anti-sistema do que em outros tempos, Jair Bolsonaro (PL) e seus aliados pragmáticos têm chamado os militantes mais radicais pelo apelido “intergalácticos”, que, no contexto dado por eles, significa que almejam o inalcançável e não vivem na realidade.

A disputa entre os dois grupos está mais evidente diante das negociações para as eleições das mesas diretoras de Câmara e Senado. Com o argumento de que é preciso ocupar espaços importantes no Congresso, como a presidência de comissões, Bolsonaro deu aval ao embarque do PL nas chapas dos grandes favoritos: Hugo Motta (Republicanos-PB), na Câmara, e Davi Alcolumbre (União-AP), no Senado. Para os “intergalácticos”, porém, é duro ver os aliados do ex-presidente fechando acordos para estar no mesmo bloco que o PT de Lula.

Esses bolsonaristas mais “raiz” prefeririam que o PL apostasse em candidatos próprios ou que assumissem compromisso com suas pautas prioritárias, como a anistia aos participantes da quebradeira de 8 de janeiro de 2023 em Brasília. Dessa forma, ainda que o resultado fosse a derrota, eles estariam “perdendo de pé”.

Já os aliados mais pragmáticos do ex-presidente dão como exemplo do fracasso dessa estratégia a aposta na candidatura de Rogério Marinho (PL-RN) à presidência do Senado há dois anos. Com Marinho derrotado por Rodrigo Pacheco (PSD-MG), o PL ficou de mãos atadas no Senado. Já na Câmara, onde o partido fechou com a candidatura vitoriosa de Arthur Lira (PP-AL), a recompensa veio em forma de cargos como a presidência da importante Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), com o poder de pautar temas importantes para o grupo.

Atrás de likes e lacração

Atuando como estrategista do PL e planejando o próprio futuro político, Bolsonaro tem reclamado publicamente dos “intergalácticos”. Na última semana, após visitar o Senado justamente para fechar o apoio do PL a Alcolumbre, o ex-presidente conversou com a imprensa e se mostrou incomodado com quem busca maneiras de se descolar dele de alguma maneira, mas tenta se manter popular entre a militância conservadora.

“Já tentaram várias vezes [construir uma direita sem Bolsonaro] e não conseguiram. Esses caras juntam quantas pessoas no aeroporto? Num bate papo em qualquer lugar do Brasil? Não sabem a linguagem do povo, é uma utopia. Todos que tentaram se alvorar como líder através de likes ou de lacração nunca chegaram a lugar nenhum. São conhecidos atualmente como estrategistas intergalácticos”, disse Bolsonaro.

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Bolsonarista, Nikolas Ferreira optou por apoiar Pablo Marçal
Jair Bolsonaro, Gilberto Kassab e Tarcísio de Freitas
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O ex-coach Pablo Marçal

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Bolsonarista, Nikolas Ferreira optou por apoiar Pablo Marçal

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Jair Bolsonaro, Gilberto Kassab e Tarcísio de Freitas

Arte Metrópoles / Guilherme Prímola

Mas quem são os intergalácticos?

Nenhum “intergaláctico” se assume como tal, afinal quem inventou o apelido lhe deu uma conotação negativa. Mas se encaixam no perfil, segundo os aliados pragmáticos de Bolsonaro, todos aqueles que cobram do ex-presidente um comportamento mais radical e isolacinista, sem concessões ao Centrão. O maior exemplo é o ex-candidato a prefeito de São Paulo Pablo Marçal (PRTB), que passou sua campanha tentando atrair o eleitorado bolsonarista e provocando o ex-presidente por sua aliança com o prefeito Ricardo Nunes (MDB), “acusado” pela miltância mais radical de ser pouco conservador.

Por consequência, aliados de Bolsonaro que “fizeram o M” de Marçal podem ser considerados “intergalácticos”. É o caso do deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). O Metrópoles noticiou, na coluna de Igor Gadelha, episódios de tensão entre as alas bolsonaristas. Nikolas, por exemplo, disse na tribuna da Câmara que a direita está perdendo a essência, o “que vai fazer com que as pessoas também percam a essência delas, porque nós somos o reflexo do que as pessoas sentem”.

Já o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), alfinetou Bolsonaro ao comentar a vitória do republicano Donald Trump na disputa pela presidência dos Estados Unidos. “Trump é maior dos intergaláticos. É o intergalático-mor! Não se curvou, não negociou, não cedeu, não retrocedeu! Foi lá e venceu!”, disse ele, que tentou ser o candidato bolsonarista à prefeitura de São Paulo, mas acabou engolido pelo pragmatismo que levou o PL a apoiar Ricardo Nunes.

Outro político cotidianamente chamado de “intergaláctico” pelos aliados de Bolsonaro por seus posicionamentos anti-sistema é o deputado federal Luiz Philippe de Orleans e Bragança (PL-SP), chamado ironicamente de “princeso” por seus detratores.

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