Intercept: Lava Jato ligava Alexandre Ramagem à corrupção e ao PT
Ramagem seria ligado a outro delegado, Mario Fanton, que foi denunciado por violação de sigilo funcional e repassar informações da Lava Jato
atualizado
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O delegado Alexandre Ramagem, atual diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e que já teria sido escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal, no lugar de Maurício Valeixo, já foi alvo de investigações da Operação Lava Jato quando atuava na Direção-Geral da Polícia Federal, em Brasília.
Segundo o portal The Intercept Brasil, a Lava Jato suspeitava que Ramagem estaria “envolvido em corrupção, além de ser muito ligado ao PT”.
“Para os procuradores do Ministério Público Federal em Curitiba, Ramagem era um nome ligado ao PT que estaria buscando melar a operação. Além disso, se preocupavam com a amizade que o nome de Bolsonaro para a Polícia Federal mantinha com um procurador preso e denunciado pela venda de informações de investigação ao grupo JBS”, diz o Intercept.
A desconfiança em torno de Ramagem surgiu em 2015, quando Deltan Dallagnol, coordenador da Lava Jato em Curitiba, levou ao grupo de procuradores uma preocupação “sobre um delegado oculto até aquele momento”. O nome de Alexandre Ramagem foi revelado pelo próprio Dallagnol horas depois.
Ramagem seria ligado a outro delegado, Mario Fanton, que, ressalta o Intercept, havia acusado seus colegas paranaenses de manipulação de provas e acabou denunciado por violação de sigilo funcional. Ramagem e Fanton, segundo a Lava Jato, repassariam informações ao PT e também informações relativas à Operação Carne Fraca ao ex-deputado federal André Luiz Vargas Ilário.
Homem de confiança
O principal ativo deste delegado da PF desde 2005 é a confiança que ele conquistou na função de chefe da segurança de Bolsonaro na campanha presidencial após a facada que quase matou o então candidato, em setembro de 2018.
Ramagem foi delegado no Rio de Janeiro, onde Bolsonaro tem seu domicílio eleitoral, e trabalhou em inquéritos da Operação Lava Jato, mas não conhecia o presidente até começar a trabalhar com ele.
Apesar do pouco tempo, a relação estabelecida entre o delegado, Bolsonaro e seus filhos se tornou forte e, na posse de Ramagem na Abin, em julho de 2019, Bolsonaro o chamou de “amigo que conheci há pouco tempo”.
O Intercept ressalta que “Ramagem permaneceu na Lava Jato até 2018, quando assumiu um trabalho administrativo na PF. Foi só após a facada que Bolsonaro sofreu durante a corrida eleitoral, em setembro, que o delegado assumiu a coordenação da segurança da campanha.
Pedimos à força-tarefa da Lava Jato em Curitiba uma posição dos procuradores a respeito das afirmações sobrede Ramagem. Em resposta, a assessoria do Ministério Público Federal no Paraná disse que o site prejudicou o direito de resposta ao não disponibilizar o material para análise da força-tarefa”, destaca o Intercept.