Integrantes do chamado “gabinete do ódio” estão entre indiciados
Assessores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) Filipe Martins e Tércio Arnaud estão entre indiciados pela Polícia Federal (PF)
atualizado
Compartilhar notícia
Dois integrantes do chamado “gabinete do ódio” estão entre os indiciados pela Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (21/11). A corporação divulgou os nomes após conclusão do inquérito que investiga uma tentativa de golpe de Estado em 2022. A lista completa contém 37 nomes, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, além dos ex-ministros Walter Braga Netto e Augusto Heleno.
As pessoas foram indiciadas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. O resultado do inquérito foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF), sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes.
Os dois integrantes do “gabinete do ódio” indiciados são os ex-assessores Tércio Arnaud e Felipe Martins. Esse último, que foi assessor para Assuntos Internacionais da Presidência da República, ficou conhecido por fazer um gesto racista no Senado Federal durante uma reunião, em março de 2021, para discutir a pandemia de Covid-19.
O “gabinete do ódio” foi o nome dado ao grupo de comunicação comandado pelo vereador Carlos Bolsonaro (PL-RJ), filho do ex-presidente da República. O grupo era responsável por publicações em redes sociais e atuava direto do Palácio do Planalto.
Segundo delação feita em 2023 pelo ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, Carlos coordenava as estratégias nas redes sociais de Jair Bolsonaro desde a campanha eleitoral de 2018 e, após a chegada dele à Presidência da República, os ex-servidores Tercio Arnaud e Mateus Sales Gomes entraram na equipe.
O que diz a PF
As provas que embasaram o indiciamento da PF foram obtidas ao longo de quase dois anos, “com base em quebra de sigilos telemático, telefônico, bancário, fiscal, colaboração premiada, buscas e apreensões, entre outras medidas devidamente autorizadas pelo poder Judiciário”.
Segundo a corporação, as investigações apontaram que os investigados se estruturaram por meio de divisão de tarefas e isso permitiu a individualização das condutas e a constatação da existência dos seguintes grupos:
a) Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral;
b) Núcleo Responsável por Incitar Militares à Aderirem ao Golpe de Estado;
c) Núcleo Jurídico;
d) Núcleo Operacional de Apoio às Ações Golpistas;
e) Núcleo de Inteligência Paralela;
f) Núcleo Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas
Bolsonaro já foi indiciado pela PF em outros dois inquéritos: o que apura a falsificação de cartões de vacina contra a Covid-19 e o que apura a venda ilegal de joias recebidas de presente por ele durante o governo.
O documento final possui mais de 800 páginas e será encaminhado ao gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito que apura a tentativa de golpe.
Envolvimento de Bolsonaro
Segundo as investigações da Polícia Federal, o então presidente da República Jair Bolsonaro redigiu, ajustou e “enxugou” a chamada “minuta do golpe”, uma espécie de decreto que previa a intervenção no Poder Judiciário para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e convocar novas eleições.
O ex-presidente é acusado de ter se reunido com o comandante do Exército Brasileiro à época, general Estevam Cals Theofilo, no dia 9 de dezembro de 2022, com o objetivo de organizar o apoio militar para consumar o golpe de Estado.