Instituto Butantan comemora 120 anos de história; veja 10 curiosidades
Criado para combater a peste bubônica, em 1901, a instituição pública atualmente protagoniza a tentativa de combate à pandemia de Covid-19
atualizado
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São Paulo – O Instituto Butantan comemora 120 anos de fundação nesta terça-feira (23/2). A instituição pública do governo de São Paulo, que hoje é referência na tentativa de combate à Covid-19 com a vacina Coronavac, foi fundada a partir de uma necessidade de combater a epidemia de peste bubônica, em 1901.
Em mais de um século de história, o Butantan não é “apenas” um centro de pesquisa biomédico, e sim um complexo que conta com hospital, biblioteca, serpentário, macacário, unidades de produção de medicamentos biológicos, um parque e quatro museus.
Por trás de toda essa estrutura há muita, mas muita história. De capa de revista internacional nos anos 1920 à hit de funk brasileiro, o Metrópoles reuniu 10 fatos históricos para celebrar essa data. Confira abaixo:
O início em uma fazenda
O Instituto Butantan, chamado inicialmente de Instituto Serumtherápico, foi criado em 23 de fevereiro de 1901 por um decreto assinado pelo governador de São Paulo, Francisco Rodrigues Alves. O surgimento da instituição pública veio da necessidade da criação de um soro antipestoso contra a peste bubônica, que entrou no país pelo Porto de Santos, na Baixada Santista, em 1899. Os primeiros lotes do material foram entregues quatro meses após sua fundação.
Vital Brazil
O médico sanitarista Vital Brazil, a despeito do que o “z” em Brasil sugere, era um grande defensor da ciência no Brasil. Ele foi nomeado primeiro diretor do instituto e assumiu o cargo entre 1901 e 1919, e retornou posteriormente, de 1924 a 1928. Além do seu trabalho acadêmico, Brazil foi atuante no combate à peste bubônica, febre amarela e entregava materiais para populações com menos acesso à informação, como trabalhadores rurais, sobre como se proteger de cobras e outros animais peçonhentos. O Butantan está localizado em uma avenida que leva seu nome, com a grafia “Brasil”, na zona oeste da capital paulista.
Veneno de cobra
O instituto é reconhecido mundialmente pelas pesquisas e conservação de serpentes da fauna brasileira. Em 1911, o Butantan iniciou a construção de um serpentário, que foi inaugurado três anos mais tarde, onde eram armazenadas espécies desses animais e produção de soros. Hoje, o espaço se tornou um ponto de turístico, pois os visitantes têm a possibilidade de observar serpentes, que foram colocadas em painéis de vidro, em um espaço semelhante ao seu habitat natural.
Capa da Time
Em 28 de janeiro de 1929, o Instituto Butantan foi assunto na Time, a prestigiada revista semanal norte-americana. Naquela edição, o então diretor Afrânio do Amaral ilustrou a capa do veículo impresso em uma matéria referente ao estudo sobre cobras. Amaral, que era herpetologista (especialista em répteis), foi descrito como “o homem mais ativo do mundo quando se trata de pesquisa com veneno de serpentes”.
Visitas ilustres
Ao longo de sua história, o Butantan recebeu visitas de personalidades da política, como o ex-presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt, em 1914; o Príncipe Charles, de Gales, em 1978; e o Príncipe Akishino, do Japão, em 2017. No campo da música, em 15 de janeiro, o MC Fioti, do funk “Bum bum tam tam”, regravou o hit dentro do instituto como forma de incentivar a vacinação contra Covid-19 no Brasil.
Referência mundial
É fato que estudos sobre serpentes que ultrapassam a marca de um século deram ao Butantan uma reputação acadêmica. Além das pesquisas, o instituto destaca pela produção de 12 tipos de soros imunoterápicos, utilizados no tratamento contra envenenamento causados por aranhas, escorpiões e, claro, serpentes. Também fabrica soros contra difteria, botulismo e raiva.
Mulheres no comando
Em 120 anos de história, o Instituto Butantan teve apenas duas mulheres diretoras. A pioneira foi Jandyra Planet do Amaral, médica especialista em Microbiologia e Saúde Pública que assumiu o centro de pesquisa de 1968 a 1975. A segunda mulher a ocupar o cargo foi Hisako Gondo Higashi, farmacêutica e bioquímica que dirigiu a instituição de 1997 a 1999. Desde 2017, quem está no comando do Butantan é o médico Dimas Tadeu Covas.
Debaixo de chamas
Em 15 de maio de 2010, um incêndio no Prédio das Coleções do Instituto Butantan destruiu um dos principais acervos de cobras do mundo. Segundo a instituição, a coleção atingida pelo fogo possuía 77 mil cobras catalogadas e cerca de cinco mil em processo de registro. Algumas delas espécies sequer haviam sido estudadas até o fatídico dia. No entanto, uma boa quantidade de animais foram retirados e levados para um local seguro.
Combate à dengue
Em 2013, o Instituto Butantan iniciou, em parceria com os Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos da América (NIH), o desenvolvimento de uma vacina contra a dengue. A doença causada pelo mosquito Aedes Aegypti tem registrado uma série de epidemias nacionais desde os anos 1850. A última atualização foi em dezembro de 2017, quando 17 mil voluntários foram testados. Para que o imunizante seja distribuído, é necessário que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprove o seu uso.
Além da Coronavac
O Butantan é assunto na pandemia desde que anunciou uma parceria com o laboratório chinês Sinovac para produção da Coronavac, o imunizante contra a Covid-19, cuja fabricação ultrapassa 10 milhões de doses até o momento. Entretanto, o centro de pesquisa biomédica brasileiro também se destaca como protagonista na produção de vacinas para raiva, HPV, hepatite A, hepatite B, influenza trivalente, H1N1 e DTPa.