Inquérito Policial conclui que jovens mortos por PMs levaram 14 tiros
O laudo diverge do apontamento feito pelo Ministério Público de que os corpos dos jovens tiveram, ao menos, 50 perfurações
atualizado
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São Paulo – O documento preliminar do Inquérito Policial Militar (IPM), que investiga a atuação dos policiais militares suspeitos de executarem dois homens na quarta-feira da semana passada (9/6), apontou que cada vítima levou sete tiros. A constatação é diferente do que apontou o Ministério Público, que alega que os polícias deram 30 tiros causando 50 perfurações nos jovens de 19 e 23 anos.
De acordo com os exames perinecroscópicos do IPM, aqueles que são feitos no local do crime, Felipe Barbosa da Silva, que dirigia o carro onde eles foram executado na Zona Sul de SP, levou sete tiros e Vinícius Alves Procópio, que estava no banco traseiro, levou outros sete.
Segundo o laudo, ao qual o G1 teve acesso, não foi possível analisar o local de saída das balas para não mexer nos corpos das vítimas. O apontamento feito no IPM não é definitivo e não substitui o exame necroscópico, que é feito por médicos legistas e apontará o número exato de perfurações no corpo dos jovens.
Prisão
O sargento André Chaves da Silva, o soldado Danilton Silveira da Silva e o cabo Jorge Batista Silva Filho estão presos no Presídio Militar Romão Gomes, na Zona Norte da capital. Eles estão sendo investigados pela Justiça comum e militar, pelos crimes de homicídios e fraude processual contra Felipe e Vinícius.
Ao G1, o advogado João Carlos Campanini, que defende o sargento André, disse: “Eles [os policiais] não deram 30 nem 50 tiros, esse número está exagerado. Precisamos aguardar o laudo necroscópico do IML para saber a quantidade exata de tiros que foram dados e de ferimentos causados. Uma análise inicial do Inquérito Policial Militar indica que foram dados 14 tiros nos rapazes, sendo sete tiros em cada um”.
Já o advogado Fernando Capano, que defende o soldado Danilton, afirmou que “os laudos [exames da PM] ainda são preliminares. Precisamos também avaliar os laudos do IC que serão acostados no processo que está tramitando na Justiça Comum. Por ora, segundo pude perceber, temos apenas informações desencontradas”.
A defesa do cabo Jorge não foi encontrada.
Legítima defesa
Os advogados alegam que os policiais atuaram em legítima defesa. Contudo, imagens gravadas e publicadas em redes sociais mostram apenas os PMs atirando, sem que houvesse alguma reação das vítimas, acusadas de roubar um carro e os pertences dentro dele.
“Eles agiram em legítima defesa porque quando você está numa situação de confronto, o bandido nem precisa atirar para você agir em legítima defesa. A situação é a seguinte: o bandido está com a arma em punho, apontando ou não para o policial, rapidamente ele pode atirar e matar o policial se o mesmo não agir rápido”, afirmou Campanini.
“Policiais tomam decisões em microssegundos. Nós temos a chance de analisar tudo com calma. Serenidade, calma e racionalidade são as palavras do momento, portanto”, disse Capano. O advogado ainda afirmou que tentará a soltura de seu cliente. “Não existem elementos processuais para que a prisão seja mantida. Nossa preocupação agora é fazer com que respondam o caso em liberdade.”