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Inquérito aponta que 4 mortos pela PM na Chapada foram executados

Disparo de cima para baixo, rendidos antes de morrer, retirada de provas, não eram 500 pés de maconha, mas só 4. Investigação revela crime

atualizado

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@viladesaojorgechapadaveadeiros
manifestação chapada veadeiros pm mortos goias
1 de 1 manifestação chapada veadeiros pm mortos goias - Foto: @viladesaojorgechapadaveadeiros

Goiânia – A investigação da morte de quatro pessoas pela Polícia Militar (PM) na zona rural de Cavalcante, na região da Chapada dos Veadeiros, em Goiás, em 20 de janeiro deste ano, revela que a versão contada pelos militares é bem diferente do que foi apurado pela Polícia Civil.

Conforme inquérito da Delegacia de Investigação de Homicídios (DIH), os militares atiraram e mataram Alan Pereira Soares, de 27 anos, Antônio Fernandes da Cunha, de 35, Ozanir Batista da Silva, de 46, e Salviano Souza Conceição, de 63.

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Chico era de comunidade quilombola, foi morto em ação da PM
Salviano, de 63 anos, foi morto em ação da PM
Alan Pereira, de 27 anos, teria sido ameaçado por PM antes de morrer
Ação ocorreu na zona rural de Cavalcante, na região da Chapada dos Veadeiros (GO)
Suposta plantação de maconha foi queimada
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Niro era um morador pioneiro da Vila de São Jorge

@DudaSegredo
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Chico era de comunidade quilombola, foi morto em ação da PM

Diego Baravelli
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Salviano, de 63 anos, foi morto em ação da PM

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Alan Pereira, de 27 anos, teria sido ameaçado por PM antes de morrer

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Ação ocorreu na zona rural de Cavalcante, na região da Chapada dos Veadeiros (GO)

Divulgação/PCGO
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Suposta plantação de maconha foi queimada

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Plantação tinha entre 500 e 600 pés de maconha, segundo a polícia

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Policiais disseram que apreenderam folhas secas e maconha prensada

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Chinelos encontrados em local que 4 foram mortos pela PM

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Plantas passaram por perícia no local onde PM matou quatro

PCGO/TJGO
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Local onde 4 foram mortos pela PM era composto por choupanas

PCGO/TJGO

Segundo a versão dos PMs, as quatro vítimas estavam em uma plantação de maconha com 500 pés da planta e atiraram contra os policiais. Inicialmente, os militares chegaram a falar em 2 mil pés.

Acontece que depoimentos de testemunhas e perícias realizadas no local desmentiram essa versão. Sete policiais envolvidos na ação foram presos preventivamente em 25 de fevereiro.

Maconha

Laudo da Polícia Científica identificou apenas quatro pés de maconha no local do crime, que foram queimados pelos militares junto de outras plantas da região que não são consideradas ilegais.

Além disso, os policiais militares cortaram e queimaram as plantas antes do delegado e da perícia chegarem ao local, o que não é o procedimento adequado, segundo relatório da Polícia Civil. A PM chegou a divulgar imagens de fogueiras como se fossem da plantação de 500 pés.

Tabletes de maconha e prensa que teriam sido apreendidos não são mencionados no boletim de ocorrência e não estão apreendidos, segundo o inquérito.

Rendidos

Testemunhas relataram para os investigadores que as vítimas foram rendidas em uma fazenda e depois levadas para outra, ao lado, onde teriam sido executadas. No caminho entre as duas propriedades foram encontrados chinelos de tamanhos diferentes.

Um trabalhador rural que passava pela região chegou a ouvir os policiais indagando: “Cadê as armas?”. Ele também ouviu a vítima Salviano responder: “A arma que eu tenho é uma espingarda velha e está lá em casa”.

Apenas 40 minutos depois desse diálogo é que se ouviram disparos de arma de fogo, segundo depoimentos.

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"Chacina na chapada", diz faixa em manifestação na Vila de São Jorge
Familiar de uma das vítimas mortas pela PM participou de protesto
"São Jorge pede justiça! Por que mataram inocentes", diz faixa em protesto
Moradores pedem por justiça após mortes pela PM na Chapada
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Mulher ergue placa pedindo justiça após mortes na Chapada

@viladesaojorgechapadaveadeiros
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"Chacina na chapada", diz faixa em manifestação na Vila de São Jorge

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Familiar de uma das vítimas mortas pela PM participou de protesto

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"São Jorge pede justiça! Por que mataram inocentes", diz faixa em protesto

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Moradores pedem por justiça após mortes pela PM na Chapada

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Tiros e armas

Os policiais apresentaram cinco armas como sendo das vítimas e falaram que eles atiraram contra a equipe militar. Só que não havia nenhum vestígio de disparo das armas das vítimas no local.

Fora isso, os militares recolheram as cápsulas dos disparos efetuados. Foram 58 tiros, sendo 40 de fuzil, mas só havia cinco estojos de munição no local.

O estojo ou “cápsula” é um componente da munição que se solta no momento do disparo e é usado em investigações criminais para saber a origem do tiro, por exemplo.

Um dos tiros dos policiais estava cravado dentro da terra e envolto numa poça de sangue, o que evidencia que o disparo foi dado de cima para baixo.

Após os tiros, as vítimas foram retiradas do local pelos policiais para que, supostamente, fosse prestado socorro. Eles estavam mortos no momento em que deram entrada no hospital. Isso prejudicou parte da perícia.

Divergência

Os policiais militares disseram ter ficado sabendo da localização da suposta plantação de maconha por denúncia anônima. Já o relatório final da investigação diz ser “impossível saber a localização com denúncia anônima”, já que o acesso ao local é bastante difícil.

Posteriormente, os militares apontaram um homem como sendo a pessoa que fez a denúncia da plantação, mas em depoimento, esse homem disse que nunca viu pés de maconha no local e que os militares ficaram uma hora na cena do crime, mesmo depois dos disparos.

Ameaça

Testemunhas relataram que dias antes de morrer, a vítima Allan foi ameaçada por um dos policiais envolvidos nas mortes com uma faca no pescoço. A namorada de Alan está grávida e os policiais deixaram ela correr antes da chacina.

O ex-namorado da companheira de Allan também foi morto a tiros em março de 2021. Segundo informações, ele teria sido ameaçado dias antes pelo mesmo policial que ameaçou Allan.

Indiciamento

As quatro mortes na Chapada foram cometidas em ação do Grupo de Patrulhamento Tático (GPT) de Niquelândia e são lotados no 14º Batalhão da PM de Goiás. O caso levou ao indiciamento de sete militares por homicídio qualificado e fraude processual. O inquérito foi concluído na semana passada pela delegada Caroline Matos, da DIH com sede em Goiânia.

Presos por determinação da Justiça desde 25 de fevereiro, foram indiciados os seguintes policiais: sargento Aguimar Prado de Morais, sargento Mivaldo José Toledo, cabo Jean Roberto Carneiro dos Santos, soldado Welborney Kristiano Lopes dos Santos, cabo Luís César Mascarenhas Rodrigues, soldado Eustáquio Henrique do Nascimento e soldado Ítallo Vinícius Rodrigues de Almeida.

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