Inquérito aponta “graves falhas” em mutirão que causou lesões oculares
No total, nove pessoas perderam o globo ocular após complicações em procedimentos cirúrgicos de catarata em Parelhas, Rio Grande do Norte
atualizado
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O inquérito civil sobre os pacientes que foram infectados por uma bactéria após a realização de procedimentos cirúrgicos de catarata feitos em Parelhas, no Rio Grande do Norte, apontou graves falhas nos protocolos de higiene, esterilização e boas práticas do centro cirúrgico.
As infecções aconteceram no dia 27 de setembro, em um mutirão organizado pela prefeitura da cidade. O inquérito foi concluído após investigação da Procuradoria do município.
“Entre as irregularidades detectadas, destacam-se a higienização inadequada do centro cirúrgico e a ausência de protocolos de limpeza, em desacordo com as normas da RDC 50/2002 e RDC 63/2011, o que contribuiu para a proliferação da bactéria Enterobacter cloacae”, diz a prefeitura em nota.
A clínica Oculare Oftalmologia Avançada, responsável pelo mutirão, poderá ser responsabilizada por falhas no transporte inadequado de instrumentos cirúrgicos e na esterilização dos materiais.
O inquérito ainda apontou que a conduta dos profissionais de saúde, incluindo a falta de supervisão adequada do médico responsável e o não cumprimento de boas práticas de higiene, também foi considerada determinante para o agravamento da situação.
“Diante dessas conclusões, o inquérito foi encaminhado ao Ministério Público do Rio Grande do Norte, ao CAOP Saúde; à Suvisa/RN e ao Juízo de Direito da Comarca de Parelhas, para as medidas necessárias para a proteção da saúde e o cumprimento das normas sanitárias”, diz a prefeitura.
O caso
No total, nove pessoas perderam o globo ocular após complicações em procedimentos cirúrgicos de catarata. Durante mutirão organizado pela Prefeitura de Parelhas, no Rio Grande do Norte, 15 pacientes foram infectados pela bactéria Enterobacter cloacae — oito homens e sete mulheres, com faixa etária de 43 a 80 anos.
As cirurgias ocorreram em 27 de setembro, porém as vítimas começaram a se queixar de problemas entre 24h e 36h após o procedimento cirúrgico.