“Inimaginável e cruel”, diz amigo sobre morte de advogado no Rio
Victor Stephen Pereira Coelho, 27, foi esfaqueado na madrugada do último sábado (23/7), no Centro do Rio. Corpo foi enterrado nesta segunda
atualizado
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Rio de Janeiro – Amigo do advogado Victor Stephen Pereira Coelho, de 27 anos, morto a facadas no Centro do Rio, na madrugada do último sábado (23/7), afirma ser “inimaginável” e “cruel” enterrar o companheiro de faculdade.
“Ao longo de cinco anos de vivência diária, sempre combinamos passeios e viagens. Hoje, estamos no telefone, combinando de ir ao enterro do Victor. Isso é inimaginável, é cruel. Vamos testemunhar um pai e uma mãe enterrando seu filho caçula”, disse João Chamarelli ao Metrópoles.
A suspeita é que o advogado tenha sido vítima de um assalto na região da Praça da República. Victor saía de uma festa quando foi morto.
“Costumo dizer que ele era um dos casos raros de unanimidade. Tinha simpatia com todos, até com aqueles que divergiam dele em relação a aspectos políticos. Sempre tratava todos com imenso respeito”, lembrou o amigo.
Nas redes, amigos e parentes se despedem de Victor e o descrevem como um rapaz “afetivo”, “carinhoso” e “queridos por todos”: “Você sempre será lembrado como o Vitinho. O Vitinha afetivo e carinhoso e querido por todos. Que você descanse em paz”, disse uma das publicações.
Victor se graduou na Universidade Cândido Mendes em 2020 e tinha acabado de passar na primeira fase do exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Ele trabalhava no Centro da cidade como assistente jurídico, e tinha o hábito de marcar com os amigos de ir a sambas na região.
“A região está em total estado de abandono hoje. Há diversos relatos de assaltos, pessoas sendo atacadas com facas. Só andamos em bandos por lá e com uma sensação de insegurança”, afirmou Chamarelli.
“A sensação de hoje perdermos nosso amigo para a violência, além de indignação, é de total insegurança. Uma barbaridade dessas aconteceu na madrugada de sábado e o silêncio de governantes diante disso é ensurdecedor”, completou.
Violência no Centro
Há cerca de dois meses, um aluno da Escola Nacional de Ciências Estatísticas foi esfaqueado nas proximidades da Praça da República – próximo ao local onde Victor foi morto. Renan, também de 27 anos, foi atingido na barriga e internado. Na ocasião, ele foi abordado por três criminosos.
Após o episódio, estudantes da Faculdade Nacional de Direito da UFRJ, que fica na mesma região, contaram ao Metrópoles a situação de medo que vivem nos arredores da universidade.
“Vimos o número aumentar muito desde que as aulas retornaram, em 11 de março. Antes da pandemia, tínhamos situações, mas percebemos uma piora. Em março, conseguimos que uma viatura do Segurança Presente ficasse na região, mas, hoje, eles aparecem esporadicamente”, contou uma aluna do Centro Acadêmico à época.
Em nota à reportagem, a Polícia Militar disse que tinha intensificado “todas as suas modalidades de policiamento no cenário urbano no sentido de reprimir as tentativas de roubos de rua”.
Questionada sobre a nova ocorrência, a corporação afirmou que o 5º BPM (Praça da Harmonia) tem “direcionado esforços continuamente no perímetro compreendido pela Praça da República, Avenida Presidente Vargas, Largo da Rua Moncorvo Filho e Centro do Brasil” e que o policiamento foi reforçado após a morte de Victor.
Ainda de acordo com a PM, houve uma redução de 45,45% no indicador estratégico de letalidade violenta na área do 5º BPM quando comparados aos primeiros semestres de 2021 e 2022.
O corpo de Victor foi enterrado sob aplausos na manhã desta segunda-feira (25/7), no Cemitério do Caju, na Zona Norte do Rio.