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Influenciadora e médico travam guerra judicial após cirurgia plástica

Decisão liminar mandou Nanna Chara cessar ataques contra Cláudio José Leite por causa de uma cicatriz indesejada após procedimentos

atualizado

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Goiânia – Uma influenciadora digital e um cirurgião plástico travam uma batalha judicial depois de ela ficar com cicatriz por causa de lipoaspiração e procedimento para retirada de excesso de pele, na capital goiana. Decisão liminar mandou Nanna Chara, de 36 anos, parar de usar as redes sociais para atacar o médico Cláudio José Maciel Filho, de 45, considerando risco de ele sofrer “linchamento virtual”.

O juiz Flávio Fioretino de Oliveira proferiu a liminar, a pedido do cirurgião plástico, durante o plantão do último sábado (23/4). O magistrado ordenou que Nanna Chara edite as postagens no Instagram e retire as marcações e referências com o nome do médico, no prazo de 24 horas, após receber a notificação da decisão, sob pena de multa diária de R$ 1 mil. O perfil dela foi retirado do ar após a liminar.

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Publicação no Instagram contra médico que operou Nanna Chara, em Goiânia, Goiás
Perfil se mobiliza em favor de Nanna Chara, que reclama de cirurgião plástico em Goiânia, Goiás
Mulher diz não querer passar por consulta com cirurgião após ver postagem de influenciadora, em Goiânia, Goiás
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Perfil de Nanna Chara no Instagram

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Publicação no Instagram contra médico que operou Nanna Chara, em Goiânia, Goiás

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Perfil se mobiliza em favor de Nanna Chara, que reclama de cirurgião plástico em Goiânia, Goiás

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Mulher diz não querer passar por consulta com cirurgião após ver postagem de influenciadora, em Goiânia, Goiás

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“Açougueiro”

Na Justiça, o médico disse que, desde o último dia 19, quase cinco anos após as cirurgias, começou a ser alvo de inúmeras postagens por parte de Nanna Chara, que tinha 534 mil seguidores na rede social. No processo, o cirurgião contou que sofreu “discurso de ódio”, “perseguição virtual”, além de ter sido chamado de “açougueiro” pela influenciadora. Ela passou por cirurgia em setembro de 2017.

No ano passado, de acordo com relatos no processo, Nanna Chara retornou para consulta, mais de quatro anos depois do procedimento. Na ocasião, ela requereu o dinheiro dos procedimentos de volta e ainda conseguiu uma cópia do prontuário médico depois de solicitá-lo à clínica. No entanto, não houve devolução de dinheiro porque o cirurgião considerou ter praticado “nenhuma falha”.

“Melhora da cicatriz”

De acordo com o processo, Nanna Chara começou os ataques virtuais 14 dias depois de ela brigar com o médico e ficar “muito alterada”. O retoque teria sido marcado após outra consulta, realizada em março deste ano. Na ocasião, o médico teria pedido exames antes de realizar o procedimento para “melhora da cicatriz”.

A influenciadora queria que fosse realizada lipoaspiração, mas o cirurgião se prontificou a fazer apenas um retoque sem custos adicionais, o que, segundo os autos, não foi aceito por ela.

Insatisfeita, Nanna Chara aproveitou o período do último feriado prolongado e passou a buscar outras pessoas e influenciadoras para divulgar e espalhar suas mensagens de crítica ao cirurgião plástico. Outros perfis no Instagram se mobilizaram na onda da influenciadora.

Guerra nas redes

“Já são 18 vítimas que apareceram desde a postagem que fizemos na página”, informou a legenda de uma foto dela publicada em outro perfil. Na Justiça, porém, o médico disse que as afirmações da influenciadora digital denigrem sua “atuação profissional e pessoal”. Além disso, também apresentou relatos de outras pacientes que reconheceram a qualidade do trabalho dele e também postaram resultados de cirurgias delas nas redes sociais.

O juiz disse ser “inegável” que as reclamações publicadas por Nanna Chara teriam “potencial para estimular pessoas que passam por algo semelhante a lidar com o problema de forma assertiva”. Todavia, segundo o magistrado, a primeira decisão se limita à questão urgente relacionada ao respeito à honra e à imagem do médico, já que o caso ainda é investigado pela Polícia Civil.

“Linchamento virtual”

O magistrado também ressaltou que “o limite entre a liberdade de expressão e o abuso na manifestação do pensamento é tênue”. Ele considerou a grande proporção que as manifestações podem alcançar nas redes sociais, às vezes, “com intenção de denegrir a imagem e a honra” da pessoa que é ofendida.

“Há que se sopesar que a responsável pelas postagens possui quantidade expressiva de seguidores na rede social utilizada para ‘livre’ manifestação do pensamento”, observou o juiz, ressaltando que Nanna Chara é influenciadora digital. “Ou seja, a postagem, na hipótese, tem potencial para culminar no que usa denominar ‘linchamento virtual'” acrescentou.

“Leviana”

Em nota encaminhada ao Metrópoles por meio de sua advogada, Luciana Castro Azevedo, o médico disse que acredita na Justiça e destacou que os ataques virtuais da paciente “ocorreram de forma leviana”, pois ele “não pôde se defender conforme preceitos constitucionais do contraditório e ampla defesa”.

A nota acrescenta que “não foi proposto em tempo algum processo judicial em seu desfavor por esta paciente, que depois de quase cinco anos do procedimento cirúrgico efetivado, reclama dos resultados obtidos”.

A advogada informou que foi requerida abertura de investigação junto ao 4º Distrito Policial de Goiânia. Com isso, a intenção é que “sejam apuradas as condutas de calúnia e difamação em seu desfavor [do profissional de saúde]. Quanto às acusações de ‘erro médico’, esperamos a Justiça para demonstrar que não houve falha alguma em sua conduta médica”, concluiu.

A batalha judicial continua porque a Justiça ainda precisa ouvir a influenciadora digital antes de proferir decisão sobre o caso, de fato. Depois, os dois lados terão direito de recorrer, ou não, da sentença.

O Metrópoles tentou conversar com a influenciadora digital, por meio de ligações e mensagens nas redes sociais, mas não obteve retorno até o momento em que esta reportagem foi publicada. O portal também não conseguiu contato com a defesa dela. O espaço segue aberto para manifestações.

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