Influencers bolsonaristas reclamam: políticos sumiram após cerco judicial
Guru da ala mais radical da militância virtual de apoio ao presidente, o escritor Olavo de Carvalho cobra apoio de Jair Bolsonaro
atualizado
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Quando o presidente Jair Bolsonaro bradou um sonoro “acabou, porra” após uma operação da PF mirar estrelas de sua militância virtual, os influenciadores digitais e físicos se sentiram confiantes em respostas efetivas, apesar do arrocho judicial liderado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Desde aquele 28 de maio, porém, esse cerco se fechou e a resposta política não veio, frustrando e amedrontando youtubers, blogueiros e apoiadores do presidente que acampavam em Brasília.
Um deles, o jornalista Oswaldo Eustáquio, foi preso na sexta (26/06) em Mato Grosso do Sul com a Polícia Federal apontando risco de fuga. Ele vive na capital federal e estava em um estado que faz fronteira com o Paraguai.
Antes, Sara Winter e outros cinco membros do 300 do Brasil passaram uma temporada na cadeia sem receber nenhuma palavra de apoio público do presidente Bolsonaro, que iniciou uma política de aproximação dos demais Poderes, o que o obriga a não dar atenção, justamente, aos militantes usados para atacá-los.
Quem saiu em defesa desses seguidores bolsonaristas foi seu grande inspirador, o guru Olavo de Carvalho, que, seguidamente, cobrou Bolsonaro e parlamentares que o apoiam a visitar Sara Winter na prisão, mas foi ignorado.
Num momento de desabafo, Carvalho divulgou em seu perfil do Facebook um vídeo que simboliza bem o momento de desânimo dos influencers:
No vídeo, o youtuber Alberto Silva, também conhecido como Beto Louco, que foi visitado pelos policiais federais no dia 16 de junho, relata o isolamento que tem sofrido desde então.
“Depois da busca e apreensão, sabem quantos políticos me ligaram? Nenhum!”, reclama ele. “É minha maior decepção. Eu ia a Brasília semana que vem conversar com deputados e senadores que se dizem de direita, que se dizem ao lado de Bolsonaro, mas a maioria nem resposta dá”, conta ainda.
“Outros falam, não dou entrevista, depois tão na CNN, na Globo”, afirma o youtuber, que tem certeza de que ficou tóxico aos aliados após virar alvo do inquérito no STF.
Veja um trecho do desabafo dele:
Beto Louco já foi acusado, em reportagem da Folha de S.Paulo de 2017, de operar uma teia de sites de fake news que especialistas estimaram lucrar de R$ 100 mil a R$ 150 mil por mês. Ele diz que a notícia é falsa.
Em outras postagens no fim desta semana, Olavo de Carvalho voltou ao assunto várias vezes. “Não conseguindo derrubar o Bolsonaro, os filhos da puta se vingam nos amigos mais indefesos do presidente”, disse em um dos posts.
O olavismo vive seu pior momento de influência no governo, simbolizado, também, pela perda do comando do Ministério da Educação, que foi para as mãos de Carlos Decotelli, que pode ser enquadrado como representante da ala militar da Esplanada e assumiu dizendo que vai fazer gestão, não luta ideológica, num recado direto a Carvalho.
“Essa ridícula afetação de neutralidade ideológica é uma ideologia, e seu nome é positivismo, a fórmula ideológica que domina a mente das nossas Forças Armadas desde as origens do movimento republicano”, analisou o guru. “O mesmo neutralismo que se pavoneia de ‘técnico’ orientou o governo militar por duas décadas, tendo como único resultado a entrega final do sistema educacional brasileiro ao domínio dos comunistas.”
Para Olavo de Carvalho, com a troca de Abraham Weintraub, que é seu discípulo, por Decotelli, essa história se repete. “E os tecnocratas militares nem percebem o quanto é significativo o aplauso que lhes vem da mídia esquerdista pela vitória da mentalidade tecnoburocrática contra a chamada ala ideológica”, lamenta ele, por fim.
O momento de desânimo é assumido até por olavistas que fazem parte do governo, como o assessor de Bolsonaro Filipe Martins, que tem se esforçado, porém, para manter acesa a chama da militância. Veja:
1. Não se deixem contaminar pelo derrotismo que muitos, maliciosamente, estão propagando nas redes sociais. Os últimos acontecimentos não foram animadores, é verdade, mas é inútil apostar em soluções mágicas e, na sequência, render-se ao desânimo porque elas não se concretizaram.
— Filipe G. Martins (@filgmartin) June 21, 2020