Influencer com autismo fala sobre transtorno: “Não é esquisitice”
Talita Vieira, 22, é autista de nível de suporte moderado a leve. Com 400 mil seguidores, jovem busca levar mais conhecimento sobre o tema
atualizado
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A influencer e empresária Talita Vieira, de 22 anos, viralizou após usar as redes sociais para quebrar estereótipos criados em cima do autismo. “Escuto diariamente frases como: ‘Mas você é autista? Não parece’. É por questionamentos assim que muitos não chegam nem a ser diagnosticados”, afirma.
Com mais de 400 mil seguidores, Talita, que tem nível de suporte moderado a leve, fala abertamente sobre o que costuma ouvir das pessoas e da dificuldade que muitos autistas passam no dia a dia.
Em entrevista ao Metrópoles, a jovem trata da importância da aceitação, do entendimento e cuidado por parte da sociedade.
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“Eu mesma fui diagnosticada de forma tardia. Muitos não entendiam o motivo de eu não gostar de beijos e abraços, de não olhar nos olhos e de não prestar atenção em conversas, por exemplo. A nossa cabeça é a mil por hora, eu tenho hipersensibilidade ao toque e ao som. Melhorei hoje, mas eu nunca gostei”, conta.
Segundo Talita, a sociedade tem muita dificuldade em aceitar o autista. “Recebo comentários como ‘triste essa geração mimimi’, mas eu ignoro na maior parte das vezes. Uma característica muito forte em grande parte dos autistas é que a gente não se importa muito com o que as pessoas pensam sobre a gente, só vivemos no nosso mundo e fazemos o que acreditamos ser certo para a gente”, explica.
“As pessoas me olham e duvidam. Os autistas não são iguais. Não é uma regra. Cada um é um ser único. A gente criou o estereótipo e temos que derrubá-lo. Dentro disso aqui, tem várias formas de ser, é uma neurodiversidade”.
Autismo nas redes e o diagnóstico
O intuito de abordar o tema nas redes, no entanto, foi trazer mais conhecimento para as pessoas. “Fico imaginando o tanto de criança, como eu, que vai sofrer por não ter um diagnóstico. Se autismo fosse um assunto tranquilo, as pessoas não demorariam tanto para terem um diagnóstico. Muitos pais, possivelmente, não têm conhecimento. A vida dessas crianças pode ser mais fácil”.
Talita recebeu o diagnóstico apenas em 2021, aos 21 anos. Ao longo de toda sua vida, foi tratada como “mal educada”, “esquisita” ou “chata” por ser quem é. Para a família, no entanto, ela era uma criança atípica, mas ninguém nunca soube definir o autismo dela.
“Me levavam no médico e eles diziam: ‘ela é saudável, forte’ e não falavam em autismo. Meus pais não sabiam nomear. Foi só quando adulta que comecei a ler sobre e busquei um diagnóstico. Nada daquilo era frescurice ou esquisitice, eram sinais do autismo. Eu sou autista”.
Segundo ela, o fato de não saber do espectro e se forçar a certas situações desencadeou em doença, gerada pelo estresse. “Desenvolvi urticária nervosa, então toda vez que passo por uma situação que ativa algum sensor meu – seja pela luz forte, pelo toque excessivo ou por cheiros fortes e que eu não gosto -, fico toda empolada e me coço muito”, explica.
Ecológica
Fascinada por ciências e pela natureza desde criança, Talita criou três empresas sustentáveis desde que iniciou a faculdade de biomedicina, em 2020: Ecolita, com produtos eco, terapêuticos e artesanais; Vegcacau, com maquiagem vegana; e Lita Vieira, com moda sustentável.
“Fiz várias parcerias para criar minhas marcas. Eu sempre tive ideias dos produtos, sempre gostei muito de cuidar do meio ambiente, meu hiperfoco sempre foi nisso. Eu chorava vendo fumaças saindo das fábricas”.