Indígenas Xavante divergem de Tserere e reconhecem eleição; vídeo
Povo Xavante de 23 aldeias divulgou carta em que reconhece resultado das urnas e repudia protestos em Brasília. Tserere também é Xavante
atualizado
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Lideranças indígenas do povo Xavante em Mato Grosso divulgaram uma carta de repúdio aos protestos contrários aos resultados das eleições e que pedem intervenção militar. Alguns grupos de indígenas Xavante têm participado de manifestações bolsonaristas com essas pautas.
“Repudiamos as manifestações feitas esta semana por um grupo pequeno de indígenas em Brasília”, diz trecho da carta, que é assinada por lideranças de 23 aldeias Xavante de Pimentel Barbosa, em Mato Grosso.
Veja o vídeo:
Nessa segunda-feira (12/12), houve um protesto violento após a prisão do cacique Tserere. Manifestantes tentaram invadir a sede da Polícia Federal (PF), atearam fogo em ônibus e carros, depredaram veículos e comércios. Além disso, enfrentaram a PM e a PF, jogando pedras contra viaturas e policiais. Tserere também é do povo Xavante.
“Viemos a público reafirmar que não compactuamos com manifestações antidemocráticas em protesto contra o resultado das eleições presidenciais. Acreditamos na lisura do sistema eleitoral brasileiro e reafirmamos nosso empenho em busca do desenvolvimento sustentável na terra indígena Xavante. Nossa história mostra que combatemos atividades ilícitas dentro de nosso território”, diz ainda outro trecho da carta.
Indígenas que organizaram essa carta fizeram um vídeo em que um trecho do documento é lido pelo cacique Suptó Xavante. Eles pretendem encaminhar a carta ao presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STJ) Alexandre de Moraes.
Divergência
Diferentemente dos indígenas que assinaram a carta, o cacique Tserere lidera um outro grupo dentro dos Xavante, que ataca o sistema eleitoral e defende uma intervenção militar com o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) no poder, mesmo não tendo sido eleito.
Tserere é pastor evangélico e bastante conhecido no meio bolsonarista por fazer discursos em voz alta durante manifestações contra Lula.
O líder indígena preso também costuma atacar o STF e o ministro Alexandre de Moraes. Ele foi preso por ter realizado manifestações de cunho antidemocrático em diversos locais. Tserere foi expulso do partido Patriota após a prisão por crimes contra a democracia.