Indígenas teriam recebido ouro para esconder crime, diz líder yanomami
Júnior Hekurari Yanomami compartilhou novos detalhes do caso da menina yanomami de 12 anos morta e estuprada por garimpeiros
atualizado
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O líder indígena Júnior Hekurari Yanomami, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana, onde teria ocorrido o caso da menina yanomami de 12 anos morta e estuprada por garimpeiros, compartilhou novos detalhes do crime nesta sexta-feira (29/4).
Júnior divulgou comunicado em que fala que a equipe formada por integrantes da Polícia Federal, Ministério Público Federal (MPF), Fundação Nacional do Índio (Funai) e Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) se deslocou até a comunidade Arakaça somente dois dias após o ocorrido, na quarta-feira (27/4).
“Ao chegar ao local, avistamos a comunidade em chamas e sem a presença de moradores indígenas no local, que só apareceram 40 minutos após pousarmos, somente para resgatar materiais de garimpeiros. Após insistência, alguns indígenas relataram que não poderiam falar pois teriam recebido 5 gramas de ouro dos garimpeiros para manter o silêncio”, conta.
A operação conjunta organizada pelos órgãos federais afirmou não ter encontrado indícios de “homicídio e estupro ou de óbito por afogamento” no local vistoriado.
O líder indígena relatou, porém, que um recém-nascido da aldeia teria sido levado a Boa Vista por um garimpeiro que afirmou ser pai da criança. Ele acredita que a comunidade foi coagida a não compartilhar o ocorrido com as forças policiais.
“Alguns líderes indígenas se reuniram e analisaram as imagens da comunidade queimada e relataram, conforme costume e tradições, que após a morte de um ente querido a comunidade em que residia é queimada e todos evacuam para outro lugar. Também analisaram a possível marca onde o corpo foi cremado e constatou-se que ocorreu um óbito”, continuou.
Veja o relato completo:
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Relembre o caso
A morte da menina, após estupro cometido por garimpeiros, chocou o país nesta semana. Júnior Hekurari Yanomami relatou, na ocasião, que o corpo ainda estaria no local, desaparecido dentro do rio Uraricoera.
A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármem Lúcia, comentou o caso na quinta-feira (28/4).
“A violência e a barbárie contra indígenas ocorrem há 500 anos. A civilização tem um significado apenas para um grupo de homens. O Poder Judiciário atua sobre provocação. O cidadão atua pela dor. Essa perversidade não pode permanecer como estatísticas, fatos da vida, notícias”, disse.
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