Indígena preso pede que bolsonaristas não cometam vandalismo: “É uma ordem”
Prisão do cacique Tserere provocou protesto violento de bolsonaristas, com cenas de vandalismo em Brasília
atualizado
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A Polícia Federal (PF) gravou um vídeo do cacique Tserere em que ele pede que os manifestantes bolsonaristas não pratiquem mais atos de vandalismo em Brasília, na noite desta segunda-feira (12/12).
A prisão de Tserere pela PF gerou uma reação violenta de apoiadores de Jair Bolsonaro (PL) contrários ao resultado da eleição e que pedem uma intervenção militar.
Veja o vídeo:
“Eu quero pedir que os senhores não venham a fazer conflito, briga ou confronto com a autoridade policial… e venham viver em paz e não pode continuar o que aconteceu, infelizmente, essa destruição de carro, ataque a Polícia Federal”, afirmou o cacique de um grupo do povo Xavante. O vídeo foi gravado nas línguas akwen e português.
“Nós sabemos que somos povo santo, de bem, povo que não compactua com derramamento de sangue, com briga, com conflito. A nossa luta não é contra as pessoas humanas, é contra a potestade. Deus abençoe a todos, em nome de Jesus. É uma ordem”, afirmou o cacique ainda na gravação.
A prisão de Tserere foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). O cacique é acusado de ameaça, perseguição e abolição violenta do Estado Democrático de Direito.
Tentativa de encerrar protestos
A fala de Tserere gravada em vídeo é uma tentativa de colocar fim ao protesto, que até 23h50 ainda acontecia. Os manifestantes tentaram invadir a sede da PF, queimaram ônibus, carros estacionados, jogaram pedras em policiais e fizeram barricadas nas ruas.
Pelo menos dois grupos de manifestantes violentos se espalharam por Brasília e deixaram um rastro de destruição. Esses grupos foram dispersados por equipes da Polícia Militar e da PF.
No entanto, parte dos manifestantes voltaram a se reunir em frente a sede da PF e bloquearam a via, exigindo que a soltura de Tserere.
Negociação
Por volta das 23h de segunda, o advogado Cristiano Caiado foi até o bloqueio de manifestantes para tentar negociar e liberar vias da capital federal. Ele disse que o indígena preso está sendo acompanhado por advogados e uma deputada, mas houve resistência dos manifestantes em desmobilizar o ato.
Dois indígenas acompanharam Cristiano Caiado até a PF como forma de atestar que o cacique está preso em boas condições.