Indicado por Lula, Galípolo é sabatinado para a presidência do BC
Gabriel Galípolo deve ser o sucessor de Roberto Campos Neto, atual presidente do BC. Sabatina no Senado começou às 10h30 desta terça (8/10)
atualizado
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O indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à chefia do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, é sabatinado nesta terça-feira (8/10), pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal. Na sequência, o nome precisa ser aprovado no plenário da Casa.
A sabatina começou às 10h30.
No início da sessão, o presidente da CAE, Vanderlan Cardoso (PSD-GO), fez uma homenagem ao atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, chamando-o de “craque”. “Mesmo diante de pressões deste e do governo anterior, Roberto manteve a mão firme e não deixou a política de juros e a inflação desandarem. É um craque”, afirmou.
Antes de ser sabatinado pelos senadores, Galípolo começou dizendo que “cada ação e decisão deve unicamente ao bem-estar de cada brasileiro”.
“Toda vez que me foi concedida a oportunidade de encontrar o presidente Lula, eu escutei de forma enfática e clara a garantia da liberdade na tomada de decisões e que o desempenho da função deve ser orientado, exclusivamente, pelo compromisso com o povo brasileiro. Que cada ação e decisão deve unicamente ao interesse do bem-estar de cada brasileiro”, destacou.
Segundo Galípolo, “nós vamos estar sempre sujeitos a momentos mais desafiadores, mas a atuação do Banco Central tem sido inequívoca na perseguição da meta de inflação, estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional.”
Todos os pedidos e recomendações que eu recebi dos senhores [senadores e senadoras] é para tomar as decisões de acordo com a nossa consciência.
“Eu sei que, como sociedade, a gente se frustra com os avanços em ritmo mais lento e trajetória menos linear que a gente deseja. Mas eu penso que os avanços e bloqueios observados correspondem aos pesos e contrapesos próprios do processo democrático e o tempo necessário para debate público na construção de consensos. Eu prefiro sempre as dores do processo democrático do que a falsas promessas de atalho”, ressaltou.
Os senadores iniciaram a sabatina por volta das 10h50. Os parlamentares estão divididos em blocos de cinco. A previsão é de que 22 façam questionamentos a Galípolo.
O painel da CAE está aberto para votação enquanto ocorre a sabatina. O resultado, no entanto, só será proclamado quando todos os parlamentares encerrarem as perguntas.
Questionado sobre as empresas de apostas on-line, ele reforçou que “o Banco Central não versa ou não tem qualquer tipo de atribuição sobre a regulação de bets. Não é o papel do Banco Central.”
“A discussão em si é justamente sobre qual é o impacto das bets do ponto de vista de consumo e para atividade econômica do país”, alegou.
Durante a sabatina, a senadora Damares Alves (Republicanos-DF) fez comparações na relação dos governos de Jair Bolsonaro e de Lula com o Banco Central. “Lua de mel entre Paulo Guedes e Roberto (Campos Neto) nem sempre foi de verdade. A sua lua de mel com Haddad vai acabar, vou lhe informar isso, se prepare. A sua lua de mel com Lula vai acabar, se prepare para isso”, disse.
“Mas é nesse momento que um presidente de Banco Central vai ter um papel muito importante para o Brasil. Nunca perca sua identidade e sua autonomia para agradar lado A ou lado B. Mantenha-se como presidente de Banco Central. Esse foi um dos sucessos do governo Bolsonaro: o respeito à autonomia e posição do Banco Central”, alegou.
No decorrer da sabatina, o senador Oriovisto Guimarães (Podemos) reproduziu um diálogo entre o presidente Lula e o então presidente do BC Henrique Meirelles. Lula teria perguntado a Meirelles se cortaria juros, e ele respondeu que não. O parlamentar, em seguida, indagou se Galípolo teria “coragem” de enfrentar Lula.
“Eu adoraria poder me vangloriar: ‘Já tive a coragem’. Mas eu estaria me vangloriando falsamente ao dizer que tive a coragem, porque a verdade é de que eu nunca sofri nenhuma pressão. A verdade é essa.”
“Seria muito leviano da minha parte eu dizer que o presidente Lula fez qualquer tipo de pressão em cima de mim sobre qualquer tipo de decisão. Todos os pedidos e recomendações que eu recebi dos senhores [senadores e senadoras] é para tomar as decisões de acordo com a nossa consciência”, completou Galípolo.
“Mas não quero passar uma ideia leviana. Eu, realmente, jamais sofri todas as vezes que o presidente me encontrou ou me ligou foi para dizer: ‘Comigo você terá toda a tranquilidade. Eu jamais vou te perguntar antes, eu jamais vou fazer qualquer tipo de interferência, você vai ter toda a liberdade para tomar a decisão de acordo com o seu juízo. Eu vou respeitar isso.'”
Sucessão
O então diretor de Política Monetária do BC deve ser o sucessor de Roberto Campos Neto, atual presidente do Banco Central, cujo mandato termina em 31 de dezembro de 2024.
Confira a sabatina ao vivo no canal do Metrópoles:
Segundo o ministro da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, há uma avaliação muito positiva da recepção do Senado para a indicação no BC. “Vamos trabalhar o mais rápido possível para que vá ao plenário”, disse Padilha nessa segunda-feira (7/10).
O economista conversou com mais de 60 senadores desde que foi indicado por Lula, em 28 de agosto. O nome tem aceitação no mercado e não deve sofrer resistências dentro do Senado.
Com a provável aprovação, Lula terá um nome mais próximo no comando do órgão. Isso porque o petista protagonizou vários atritos com Campos Neto desde o início do terceiro mandato presidencial.
Quem é Gabriel Galípolo
Natural da capital de São Paulo, Gabriel Galípolo, de 42 anos, tem experiência nos setores público e privado. Desde julho do ano passado, ele é diretor de Política Monetária do BC.
Antes de integrar o colegiado do banco, Galípolo foi o braço direito do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, quando foi secretário-executivo da pasta, entre janeiro e junho de 2023.
Alguns dos desafios de Galípolo à frente do BC serão:
- Inflação;
- Taxa Selic;
- Dólar;
- PIB; e
- Emprego.