Indicação de Kassio Marques para o STF desagrada influenciadores de direita
No Twitter, as reações variaram entre críticas abertas, descrença na escolha ou silêncio completo sobre o assunto
atualizado
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A escolha do desembargador Kassio Nunes para ser indicado pelo presidente Jair Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) não agradou à militância de direita no Twitter. Perfis-chave de bolsonarismo não pouparam críticas ao jurista piauiense.
No melhor dos casos, houve um silêncio completo ou a admissão de que o presidente não teve escolha e é pressionado pela classe política. Não houve defesa aberta do nome escolhido entre os internautas da franja mais radical dos influencers governistas.
Para avaliar como foi a repercussão, o (M)Dados, núcleo de jornalismo de dados do Metrópoles, analisou as postagens de 14 perfis defensores de Bolsonaro. Entre eles há dois parlamentares – os deputados federais Bia Kicis (PSL-DF) e Carlos Jordy (PSL-RJ) -, blogueiros de direita e o escritor Olavo de Carvalho, espécie de guru ideológico desse bolsonarismo “raiz”.
O que mais se aproximou de uma defesa entre os perfis analisdados veio de Kicis e Jordy: um silêncio absoluto em relação ao assunto. Até o fechamento desta reportagem, eles não haviam se pronunciado sobre o assunto no Twitter.
Por outro lado, jornalistas e blogueiros da direita não pouparam os ataques. O articulista Rodrigo Constantino, que costuma defender o governo de críticas classificou a escolha como “o pior erro de Bolsonaro”.
Indicação de Kassio Nunes é o maior erro de Bolsonaro até agorahttps://t.co/aPqgDkYkb8
— Rodrigo Constantino (@Rconstantino) October 2, 2020
O problema para ele e outros expoentes da extrema-direita é a proximidade de Nunes com o que eles chamam de establishment ou com a esquerda.
O presidente deixa claro, com a decisão de hoje, que a sua sustentação política se dará pelas forças que controlam o país desde 88, aglutinadas no vulgo Centrão; se afastando da militância conservadora que o elegeu.
Se foi imposto, ou é decisão, tanto faz para o resultado final.
— Leandro Ruschel 🇧🇷🇺🇸🇮🇹🇩🇪 (@leandroruschel) October 2, 2020
Justiça poética. A escolha que o Bolsonaro fez para sucessor do Celso de Merda é uma escolha de merda.
— Olavo de Carvalho (@opropriolavo) October 2, 2020
As posições de Nunes em relação ao tratamento da Covid-19 com hidroxicloroquina ou sobre a questão armamentista também não agradaram.
Kassio Nunes posicionou-se contra o tratamento precoce da covid com hidroxicloroquina por "falta de comprovação científica". Mesmo argumento de Mandetta, Doria e da escória esquerdista-globalista. Imagine agora esse sujeito no STF decidindo sobre a saúde e a vida dos brasileiros.
— paulo eneas (@pauloeneas) October 2, 2020
Será que Jair Bolsonaro sabe que estará indicando um DESARMAMENTISTA para o 5TF?
Tá bem difícil de engolir essa @CarlosBolsonaro @BolsonaroSP @Biakicis @lpbragancabr @carlosjordy @filipebarrost @CarolDeToni @ToniettoChris @danielPMERJ pic.twitter.com/5nlFDjfZA0
— Faka 🇧🇷🇧🇷🇮🇱🇺🇸🇱🇧 🔊 (@opropriofaka) October 2, 2020
Para justificar a escolha, o presidente Jair Bolsonaro alegou uma falta de alternativas, entre outras razões. A desculpa não colou entre sua militância digital.
Gostaria realmente de entender os motivos que levaram o Presidente a indicar Kássio ao STF. Essa história de “ou Moro, ou Kassio”, não colou. Há pelo menos 5 nomes de peso e que teriam grandes chances de passar no Senado, incluindo duas mulheres juízas de direito e concursadas.
— Bernardo P Küster LIVRE (@bernardokuster2) October 2, 2020
O que eles querem
A ala da militância ligada ao escritor Olavo de Carvalho, cada vez mais isolada do poder à medida que Bolsonaro converge ao Centrão, sonhava com uma indicação muito mais conservadora, inspirada na escolha do presidente norte-americano Donald Trump para a Suprema Corte, a juíza Amy Coney Barrett.
O nome dos sonhos dos olavistas para o Supremo é o do jurista Ives Gandra da Silva Martins Filho, ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST) desde 1999. Esse sim “terrivelmente” conservador e católico.
O grupo também combate os outros nomes que vinham cotados para a indicação, dos ministros Jorge Oliveira e André Mendonça, por também considerá-los aquém do conservadorismo desejado.