Indicação ao BC: presidente da CAE não foi procurado pelo governo
Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado é responsável por sabatina de indicado para presidir Banco Central
atualizado
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O presidente da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado, Vanderlan Cardoso (PSD-GO), disse, nesta terça-feira (27/8), que não foi procurado pelo Palácio do Planalto ou por líderes do governo Lula no Congresso Nacional para tratar da indicação do novo presidente do Banco Central (BC).
O mandato do atual presidente da instituição monetária, Roberto Campos Neto, que começou na gestão de Jair Bolsonaro (PL), encerra em 31 de dezembro. Nas últimas semanas, ganhou projeção a eventual indicação antecipada do diretor de política monetária do BC, Gabriel Galípolo, pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A indicação ainda não foi feita, mas Galípolo é o principal cotado.
Na segunda-feira (26/8), Galípolo antecipou a volta a Brasília a pedido de Lula. A indicação pode ocorrer ainda nesta semana, e a CAE é responsável pela sabatina do indicado do presidente.
Vanderlan explicou que, sem a indicação oficializada, um calendário para a eventual sabatina não foi oficializado.
“Olha, sou presidente da comissão, eu conduzo os trabalhos, não defino. Tenho de ouvir se há clima e se há ambiente para que isso aconteça. Não posso simplesmente tomar uma decisão sozinho. Nem o governo vai querer”, afirmou o presidente da CAE.
O senador destacou que Galípolo, caso seja indicado, não deve ter dificuldades para ser aprovado. “Acho que a sabatina tem de ser antes [do fim do mandato do Campos Neto]”, declarou.
Chance 0 de ser na próxima semana
Vanderlan adiantou ser “zero” a chance de a sabatina ser realizada na próxima semana. Ele também não deu alguma garantia de que a sabatina seja realizada antes das eleições municipais, em outubro.
A próxima semana será a última do Senado de sessões presenciais obrigatórias antes do pleito municipal.
Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu que a sabatina do indicado à presidência do BC no Senado Federal ocorra antes das eleições.
Autonomia do BC
Segundo a lei de autonomia do BC, aprovada em 2021, no governo Jair Bolsonaro (PL), o presidente e os oito diretores do BC passaram a ter mandatos fixos de quatro anos, não coincidentes com o mandato do presidente da República.
Lula é o primeiro titular do Palácio do Planalto a lidar com um presidente da autoridade monetária não indicado por ele.
O petista acusou o atual chefe da autoridade monetária, Campos Neto, de ter alinhamento ideológico com Bolsonaro e o responsabilizou pelo atual patamar da taxa básica de juros, a Selic, que está em 10,50% ao ano. Para Lula, o índice é considerado muito elevado para o momento econômico do país.