metropoles.com

Incor não acha fábrica para produzir vacina em spray e pesquisa atrasa

Pesquisador-chefe do estudo, Jorge Kalil, afirma que imunizante formulado no Brasil poderia ser arma contra variante Ômicron do coronavírus

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Divulgação
Pesquisa-de-spray-nasal-contra-Covid-19-e-apresentada-a-ministro-da-Ciencia-1024×683
1 de 1 Pesquisa-de-spray-nasal-contra-Covid-19-e-apresentada-a-ministro-da-Ciencia-1024×683 - Foto: Divulgação

O desenvolvimento de uma vacina brasileira contra a Covid-19 formulada para ser aplicada via spray nasal está paralisado porque os responsáveis pela pesquisa não estão conseguindo encontrar fábricas para produzir o imunizante a ser inoculado em voluntários nos testes clínicos.

A vacina que está sendo pesquisada pelo Instituto do Coração (Incor) do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo tem o objetivo de bloquear a entrada do coronavírus no corpo humano por meio de um antígeno que aumenta o nível de anticorpos do tipo IgA nas mucosas.

De acordo com o pesquisador-chefe da equipe, o médico Jorge Kalil, uma vacina assim seria muito importante para combater a variante Ômicron do coronavírus, que já se tornou a que mais circula no país.

“Infectados que estão transmitindo a Ômicron muitas vezes estão assintomáticos, ficam com o vírus no sistema respiratório superior, espalhando. Uma vacina nasal resolveria isso”, afirma o professor e chefe do Laboratório de Imunologia do Incor.

Essa vacina nacional é pensada para funcionar como dose de reforço e ajudar a preencher uma lacuna no desempenho dos imunizantes utilizados atualmente, que protegem os doentes de desenvolver quadros graves de Covid, mas não tanto da infecção em si. Nos teste pré-clínicos, com animais, o imunizante produziu altos níveis de anticorpos do tipo IgA e IgG. Essa promissora pesquisa, no entanto, está paralisada.

Pelo cronograma inicial, a previsão era ter os testes clínicos concluídos até o fim de 2022, mas não há mais prazo, segundo Kalil. Os testes da fase 1, previstos para começar agora em janeiro, não começam porque falta a vacina experimental.

“Estamos com problema sério, que é a parte industrial”, relatou o médico ao Metrópoles. “Temos que produzir em ambiente industrial com as chamadas boas práticas de fabricação, e aqui no Brasil não temos isso. Não é a parte científica, que nós já desenvolvemos, mas a parte da tecnologia de produção nos falta. Quem produz são grandes laboratórios no exterior, e, no momento, eles estão trabalhando com uma sobrecarga e dando preferência, por pressão dos governos, aos projetos internos de cada país”, completa Jorge Kalil.

4 imagens
O diretor do Laboratório de Imunologia do InCor, Jorge Kalil, falou sobre o projeto com o ministro Marcos Pontes (à dir)
O ex-astronauta Marcos Pontes, titular de Ciência, Tecnologia e Inovações
Pesquisa de spray nasal contra Covid-19 é apresentada ao ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações
1 de 4

Vacina está sendo desenvolvida para ser aplicada como spray nasal

IStock
2 de 4

O diretor do Laboratório de Imunologia do InCor, Jorge Kalil, falou sobre o projeto com o ministro Marcos Pontes (à dir)

Divulgação/Sérgio Barbosa
3 de 4

O ex-astronauta Marcos Pontes, titular de Ciência, Tecnologia e Inovações

Hugo Barreto/Metrópoles
4 de 4

Pesquisa de spray nasal contra Covid-19 é apresentada ao ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações

Reprodução/Facebook

Além de pesquisadores da USP e do Incor, profissionais de várias outras instituições brasileiras, como da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), trabalharam na pesquisa. Parte do financiamento vem do governo federal, por meio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), e o ministro Marcos Pontes chegou a visitar o Incor no ano passado para ver de perto o desenvolvimento e falar com os cientistas responsáveis (imagem em destaque).

Ao contrário de outras vacinas em desenvolvimento apoiadas pelo governo federal, a do spray nasal tem tecnologia toda nacional e a expectativa de custar menos para produzir do que o país paga pelas doses importadas. “A gente estudou a resposta imune, todo conceito da vacina foi feito aqui”, valoriza o doutor Jorge Kalil.

No momento, não falta dinheiro para continuar com os testes, mas, ainda assim, não há previsão para que a paralisação na pesquisa seja superada, porque nenhuma negociação para a busca de uma fábrica dos imunizantes a serem testados está avançando.

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?