“República de Bananas”: imprensa internacional repercute desfile
Os jornais The Guardian e Le Monde destacaram a curta duração do evento e afirmaram que Bolsonaro está com a popularidade em baixa
atualizado
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A imprensa internacional repercutiu o desfile militar organizado pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) nesta terça-feira (10/8). A mídia fez comentários irônicos sobre o governo e declarou que a atual gestão brasileira demonstra desespero para se manter no poder.
O jornal britânico The Guardian exibiu um compilado de comentários feitos por críticos, que consideraram o desfile “estilo República de Bananas”. Além disso, ridicularizou o fato de aliados do presidente celebrarem o ato com fotos de desfiles na China, o que teria aumentado a “sensação de absurdo” do evento.
A mesma publicação britânica também destacou que o desfile durou “apenas dez minutos”, apresentou tanques limitados, que soltavam fumaça, e contou com cerca de “100 apoiadores ferrenhos de Bolsonaro”. Eles afirmaram que muitos críticos consideraram o evento como um fiasco.
Em contrapartida, o jornal francês Le Monde ressaltou o fato de o desfile ser “inédito” nos 30 anos da democracia no país, e também explicou que Bolsonaro está passando por uma queda de popularidade, principalmente por causa da gestão para o enfrentamento da pandemia de Covid-19.
O jornal afirmou que “as pesquisas preveem uma grande derrota [em 2022] contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva“, e que há um temor no Brasil de um “cenário a la Trump”, em que um presidente se recusa a deixar o poder e mobiliza seus apoiadores.
De acordo com a coluna de Jamil Chade, a imprensa portuguesa, belga, canadense e americana também relacionaram o desfile à situação desconfortável de Jair Bolsonaro nas eleições do próximo ano. A agência pública espanhola EFE chamou o desfile de “inusual”.
Os governos estrangeiros decidiram não diminuir a relevância do ato. Uma parte da comunidade internacional teme que seja um comportamento simbólico do presidente e que uma tensão possa levar a uma instabilidade política inédita.
Alguns diplomatas estrangeiros afirmaram que o desfile isola ainda mais Jair Bolsonaro e, consequentemente, o Brasil. Um negociador europeu revelou que “sair em uma foto com Bolsonaro é comprometedor para muitos líderes pelo mundo”.