Abraji registra 70 agressões a jornalistas desde o 2º turno das eleições
Maior parte dos casos ocorreu na cobertura de manifestações bolsonaristas que pediam intervenção militar contra vitória de Lula, diz Abraji
atualizado
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A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) divulgou, nesta terça-feira (3/1), novo monitoramento sobre ataques contra jornalistas feito em parceria com a Federação Nacional de Jornalistas (Fenaj). Entre o dia 30 de outubro (data do segundo turno das eleições) e o dia 1º de janeiro de 2023, foram contabilizados 70 casos de ataques.
As ofensas incluem agressão física, ofensas, impedimento de trabalho, assédio digital, entre outras modalidades. Entre os 70 episódios, 65 ocorreram na cobertura de atos bolsonaristas em frente a quarteis ou de bloqueio de rodovias. As manifestações pediam intervenção militar contra o resultado da eleição presidencial em que Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu vencedor.
Os casos foram registrados em 19 estados e no Distrito Federal. São Paulo teve nove episódios, seguido pelo Rio de Janeiro (com sete), Santa Catarina, Paraná e Distrito Federal (com seis casos cada).
“Os ataques mais graves, no entanto, estão relacionados aos acampamentos, mas não ocorreram nesses locais. Foram registrados em Rondônia, onde uma rádio foi incendiada e a redação de um portal de notícias foi atacada por um atirador”, explicou a Abraji.
A associação citou, ainda, o caso do jornalista Nelson Garrone, da CNN Portugal, que foi agredido no acampamento em frente ao Quartel General do Exército, em Brasília (DF). Segundo reportagem da CNN, Nelson e equipe foram expulsos do local aos gritos e ameaças de novas agressões. “Jogaram pedra aqui, eu estou fugindo. Fui agredido, caí no chão, enfim. Não dá nem pra falar. Jogaram uma pedra em mim. Comecei a conversar com as pessoas e não deu, fui agredido”, afirmou Garrone.
De acordo com a Abraji, não houve até o momento registros de impedimento de trabalho no dia 1º de janeiro, na cobertura da posse de Lula.