Igualdade Racial repudia abordagem da PM a filhos de diplomatas no RJ
Ministério da Igualdade Racial repudia ação de PMs, que apontaram arma contra 3 filhos de diplomatas negros em uma abordagem em Ipanema (RJ)
atualizado
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O Ministério da Igualdade Racial divulgou uma nota, nesta sexta-feira (5/7), em que repudia a ação de policiais militares do Rio de Janeiro contra filhos de diplomatas negros ocorrida na noite da última quarta-feira (3/7). A família dos jovens denuncia racismo durante a abordagem policial.
“O racismo no Brasil é estrutural, perverso, sendo instrumento de controle e coerção que organiza as práticas deletérias documentadas em vídeo na noite passada. Independente da classe social, das relações políticas e familiares, do local no qual se encontrem as crianças e os jovens negros, a esses, como a todas as crianças e jovens no Brasil, a garantia de uma vida com dignidade, livre de violência, com perspectivas de futuro, com respeito aos direitos previstos no Estatuto da Criança e do Adolescente deveria ser a regra. Infelizmente, não o é para alguns e por isso precisamos ser responsivos, com políticas diretivas que coíbam essas ações”, enfatizou o Ministério da Igualdade Racial.
Em um vídeo, é possível ver o momento em que os jovens estavam na portaria de um prédio de Ipanema, zona sul carioca, quando dois policiais desceram de uma viatura com a arma em punho. Os PMs apontaram os revólveres para os meninos negros e mandaram eles entrarem no condomínio.
Nas redes sociais, a mãe de um dos adolescentes, Raiana Rondhon, disse que o grupo de meninos de 13 e 14 anos está em férias no Rio.
“Às 19h, voltando para casa em Ipanema, foram deixar um amigo na porta de casa, na Rua Prudente de Moraes, quando foram abruptamente abordados por policiais militares, armados com fuzis e pistolas, e sem perguntar nada, encostaram os meninos (menores de idade) no muro do condomínio. Três, dos quatro adolescentes, são NEGROS! Com arma na cabeça e sem entender nada, foram violentados”, relatou Raiana.
“Foram obrigados a tirar casacos, e levantar o ‘saco’. Após a abordagem desproporcional, testemunhada pelo porteiro do prédio, é que foram questionados de onde eram, e o que faziam ali. Os três negros não entenderam a pergunta, porque são estrangeiros, filhos de diplomatas, e portanto não conseguiram responder. Caetano, o menino branco e meu filho, disse que eram de Brasília e que estavam a ‘turismo’. Após ‘perceberem’ o erro, liberaram os meninos, mas antes alertaram as crianças que não andassem na rua, pois seriam abordados novamente!”, completou a mãe de um dos jovens.
O Ministério da Igualdade Racial, assim como o Itamaraty e os ministérios da Justiça e Direitos Humanos, estão acompanhando o caso para a devida responsabilização dos envolvidos.
O grupo era formado por três jovens negros e dois brancos. Um filho de uma assistente do embaixador do Canadá no Brasil e outros dois filhos dos embaixadores do Gabão e de Burkina Faso, ambos negros.
O governo do Rio informou não admitir comportamento inadequado dos policiais e que a Polícia Civil irá investigar o caso. A gestão de Cláudio Castro (PL) destacou que está realizando uma rigorosa investigação, com análise de imagens de câmeras e depoimentos de testemunhas.
“O governo do estado do Rio não admite nenhum tipo de comportamento preconceituoso de qualquer ordem. A Polícia Civil, por meio da Delegacia Especial de Atendimento ao Turismo, iniciou uma investigação tão logo soube do caso pela imprensa, com diligências imediatas, ouvindo testemunhas e buscando a identificação dos jovens. A Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância está colaborando com a investigação”, informou o governo fluminense por meio de nota.