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Idoso de 80 anos se forma em história: “Estava sonhando com esse momento”

José Gomes Ferreira participou de uma cerimônia virtual de colação de grau promovida pela Universidade Estadual de Goiás (UEG)

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José Ferreira, de 80 anos, se formou em história pela UEG
1 de 1 José Ferreira, de 80 anos, se formou em história pela UEG - Foto: Reprodução/Youtube

“É uma sensação indescritível.” Assim, José Gomes Ferreira, de 80 anos, começou o discurso de formatura do curso de história pela Universidade Estadual de Goiás (UEG), na última terça-feira (02/06). Em uma cerimônia virtual, ele, que foi o orador da turma, falou sobre a realização de um sonho. “A noite de hoje vai marcar as nossas vidas.”

José sonhava com uma formatura presencial, perto dos colegas e da família, mas devido à pandemia do novo coronavírus não foi possível fazer a festa como queria. Mas nada desanimou o formando. “Valeram a pena os 80 anos de vida, estava sonhando com esse momento.”

Aos colegas, o agora historiador disse que a noite pontuou o fim de uma fase, mas que não era um término. “Vivenciamos o curso de forma única… O tempo vai passar, mas jamais esqueceremos o que vivemos na universidade.”

José chegou ao Campus Norte da UEG, na cidade de Uruaçu, há quatro anos. Apesar da timidez por conviver com colegas mais jovens e das incertezas sobre o futuro dentro da universidade, ele nunca deixou de acreditar no sonho. Para assistir às aulas, o morador de Niquelândia precisou viajar, todos os dias, 176 quilômetros, a um custo de quase R$ 300 por mês.

O agora historiador sempre se mostrou disposto a correr atrás dos sonhos. Nascido no interior de Minas Gerais, em 1939, ele só começou a frequentar a escola aos 13 anos de idade. Ficou por lá apenas cinco meses, tempo em que aprendeu a ler e escrever.

Em 1977 se mudou para Niquelândia, onde vive até hoje. Aos 64 conseguiu se formar no ensino médio, por meio do programa de Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Adaptação

José era um dos quatro alunos com mais de 70 anos na instituição de ensino em 2019. O coordenador do Campus Norte e professor de história, Edson Arantes Júnior, explica que houve um esforço do corpo acadêmico para inclui-lo no dia a dia da instituição. “Reunimos o conselho acadêmico para fazer uma inclusão de qualidade, os professores adequaram o trabalho pedagógico para ele”, contou.

“Eu ministrei a primeira aula do seu José, aquela que a gente faz questionamentos pra saber quem são os alunos, de onde vêm e quais as perspectivas. Quando vi seu José tomei um susto, aquilo me tocou bastante”, revelou.

Edson conta que José tem uma liderança nata e era o responsável por motivar o restante da turma, mesmo com a grande diferença de idade. “Enquanto os outros estavam desmotivados, com preguiça, era ele o mais entusiasmado com o aprendizado, uma pessoa querida por todos.”

A presença de José no campus encheu de orgulho a comunidade acadêmica. “Como educador, é com muita alegria que vejo um caso como o dele, de dedicação, força de vontade e de sucesso. Apesar de todas as dificuldades, ele não se deu por abatido e enfrentou a sala de aula até conseguir o diploma. Como não se emocionar com um caso desses?”, disse o reitor da UEG, professor Valter Gomes Campos.

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