Idosa salva de ônibus que afundou em Petrópolis: “Achei que morreria”
Sem saber nadar, Maria Luiza Florentino, 62, foi levada pela correnteza, mas acabou resgatada com vida após se agarrar a galho
atualizado
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Rio de Janeiro – Uma idosa de 62 anos que estava em um dos ônibus que afundaram em um rio na Rua Washington Luiz, em Petrópolis, região serrana da cidade, sobreviveu ao ocorrido. Mesmo sem saber nadar, ela conseguiu se agarrar a galhos e gritar por ajuda.
Maria Luiza Florentino voltava do trabalho quando pegou o temporal, em 15/2. A cuidadora acabou arrastada pela correnteza após o veículo cair e submergir no rio, com todos os passageiros. Entre eles estavam Pedro Henrique, 8, e Gabriel da Rocha, 17 – esse último teve o corpo reconhecido nessa quinta-feira (24/2).
“Na hora em que eu estava ali, dentro daquela água, achei que morreria, porque eu não sei nadar. Estava subindo e descendo, o tempo todo com força da correnteza. Quando eu vi aquele galho, vi uma luz. Consegui me segurar e reunir forças para gritar, até ser socorrida por dois motoboys”, disse Maria ao Metrópoles.
Por volta das 16h, Maria Luiza entrou em contato com a irmã e disse que estava no meio do temporal, dentro do ônibus 465: “Ela me ligou, falou que estava uma chuva muito forte e explicou que o ônibus estava enchendo. Falei pra ela ficar lá dentro e colocar os pés em cima do banco”, disse Aparecida Florentino, irmã da vítima. Em seguida, as duas perderam o contato.
Antes do ônibus tombar no rio, alguns passageiros tentavam sair do coletivo com a ajuda de cordas. Em certo momento, a força da água derrubou todos eles.
“O desespero foi total. Era pânico e gritaria. Lembro do Gabriel em cima do ônibus, coitadinho. Já o garotinho, o Pedro, chorava muito, estava assustado”, disse a cuidadora.
Maria acabou socorrida na tarde daquela terça-feira (15/2), sofreu leves escoriações, bateu a cabeça, mas não teve nada grave. Agora, ao lado da filha e da irmã, ela se recupera do trauma.
“Fiquei com gastroenterite por causa da quantidade de água que bebi e fui encaminhada para tratamento psicológico. Os machucados vão passar, mas aquela experiência ficará para o resto da minha vida”, contou a sobrevivente.
As vítimas fatais em Petrópolis já passam de 200 pessoas, entre homens, mulheres, adolescentes e crianças. Mais de 890 pessoas estão desabrigadas e dezenas seguem desaparecidas.
“Eu fico muito triste por aqueles que perderam a vida. Tinha pessoas dentro do ônibus que eu conhecia. Sinto também a dor delas, mas agradeço a Deus por ter me dado essa nova oportunidade. Agora tenho dois aniversários, duas datas para comemorar”, contou Maria Luiza.