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Filhos de idosa morta em acidente com ônibus perderam pai há um ano

Filha de passageira contou ao Metrópoles que soube da morte da mãe assim que os bombeiros encontraram o corpo dela perto da rodovia em Goiás

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Familiares de Aparecida Ribeiro, cujo corpo foi encontrado na manhã desta sábado (25/12), aguardam liberação do corpo no IML de Aparecida de Goiânia Fotos: Vinícius Schmidt/Metrópoles
1 de 1 Familiares de Aparecida Ribeiro, cujo corpo foi encontrado na manhã desta sábado (25/12), aguardam liberação do corpo no IML de Aparecida de Goiânia Fotos: Vinícius Schmidt/Metrópoles - Foto: Vinícius Schmidt/Metrópoles

Goiânia – Uma família que mora em Goiás sofreu, dentro do período de um ano, dois duros golpes. O pai, que vivia em Minas Gerais, morreu de Covid-19 há 12 meses. À época, a aposentada Aparecida Ribeiro, de 63 anos, também contraiu a doença e quase faleceu. Sobrevivente da pandemia, ela não teve a mesma sorte na madrugada de sexta-feira (24/12). Ela se tornou uma das seis vítimas fatais de acidente de ônibus na BR-153, em Aparecida de Goiânia, região metropolitana da capital.

O corpo da idosa, que vinha de Uberaba (MG) para Goiânia, foi localizado no leito do Córrego Santo Antônio, que passa sob a rodovia, na manhã desta manhã de Natal (25/12), pelos bombeiros. Ela vinha sendo procurada pelos familiares desde a madrugada do acidente. A esperança de encontrá-la com vida, infelizmente se esvaiu.

A idosa é descrita pelas filhas como pessoa maravilhosa, alegre e divertida, que ajudava quem podia. Elas conversaram com o Metrópoles enquanto aguardavam a liberação do corpo no Instituto Médico Legal de Aparecida neste sábado. Uma das preocupações era como iriam contar sobre o ocorrido aos netos de 3 e 4 anos de Aparecida, que a aguardavam para o Natal e que a chamam de “coisa linda”.

“A vida dela era os netos. Agora temos que dar essa notícia pra eles, que a vovó não vai voltar mais… Que nunca mais eles vão ver a vovó”, lamentou uma das filhas de Aparecida, a a auxiliar administrativa Wylla Mara Ribeiro da Silva, de 29 anos.

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Aparecida Ribeiro e a filha, Wylla. A mãe morreu em um acidente de ônibus em Goiás
Família de Aparecida Ribeiro, idosa morta em acidente de ônibus em Goiás.
Acidente com ônibus em Aparecida de Goiânia (GO)
Acidente com ônibus em Aparecida de Goiânia (GO)
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Aparecida Ribeiro, de 63 anos, estava desaparecida desde o acidente com ônibus em Goiás, na madrugada de 24/12

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Aparecida Ribeiro e a filha, Wylla. A mãe morreu em um acidente de ônibus em Goiás

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Família de Aparecida Ribeiro, idosa morta em acidente de ônibus em Goiás.

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O ônibus vinha de São Paulo, com destino a Brasília

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O acidente deixou 5 mortos e 50 feridos

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O resgate contou com mais de 50 militares do Corpo de Bombeiros de Goiás

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Os militares instalaram um sistema de triagem de vítimas para atendimento mais rápido e eficiente

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A maioria das vítimas estava com ferimentos leves. Aproximadamente 15 pessoas transportadas para o hospital

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Peregrinação

Aparecida Ribeiro não constava na lista inicial de mortos nem de feridos do acidente. Desde então, a família, que tem origem em Uberaba e mora em Senador Canedo (GO), peregrinou por hospitais e até no IML atrás de informações.

O corpo de Aparecida estava no exato local onde o ônibus caiu no leito do Córrego Santo Antônio, após bater em dois veículos na pista e desabar por uma ribanceira de 10 metros. De acordo com os bombeiros, a água do local é muito turva, o que dificultou a localização. O corpo estava a apenas 1 m de profundidade.

A família está arrasada. A aposentada havia encaminhado uma mensagem pelo celular por volta de 1h46 e avisado que estava passando pelo município de Hidrolândia. Minutos depois, o ônibus sofreu o acidente.

Tristeza

A filha contou que, depois de uma intensa peregrinação e buscas por informações sobre o paradeiro de Aparecida Ribeiro durante toda a sexta, voltou ao local do acidente na manhã deste sábado. Ela disse que chegou ao trecho da BR-153 exatamente no momento em que o corpo havia acabado de ser encontrado.

“Assim que a gente chegou perto do barranco, os bombeiros estavam conversando e nos deram sinal dizendo que tinham acabado de encontrar minha mãe submersa. Tinha algumas malas em cima dela”, contou Wylla.

A filha acredita que, na hora do acidente, a mãe teria sido jogada para fora do veículo, que teria prensado a idosa no leito do córrego. “A areia a cobriu toda, por isso, os bombeiros não encontraram o corpo antes”, disse Wylla.

No entanto, os bombeiros avaliam que o corpo da idosa também pode ter se deslocado, junto com malas e objetos, para o leito do córrego quando o ônibus começou a ser retirado da água. Ela teria ficado presa no fundo em meio à areia e os objetos.

As buscas pela desaparecida ocorreram durante parte de sexta e se estenderam em uma área que vai até 40 metros abaixo do ponto do acidente.

Revolta

A família da aposentada está revoltada e disse que vai recorrer à Justiça contra o estado por possível falta de sinalização e iluminação adequadas na pista. “A responsabilidade é do estado. Ouvi história de que [a rodovia] estava sendo sinalizada na hora do acidente, sem nenhuma luz. A culpa é do estado, que vão ter que responder por isso. Minha mãe e mais cinco pessoas perderam a vida por causa disso”, afirmou Wylla.

O condutor da viatura de trabalho da Triunfo Concebra, que administra o trecho da via, contou aos policiais que só viu o ônibus se aproximando a uns 300 metros de distância. Segundo ele, o ônibus não teria respeitado a sinalização sobre um desvio na altura do KM 508. O ônibus bateu no veículo e em um caminhão antes de despencar por uma ribanceira e cair no córrego.

A Polícia Civil também investiga outras possíveis causa do acidente, como falha no freio do ônibus e más condições da pista, que chegou a ficar interditada nos dois sentidos durante algumas horas após o episódio.

Os mortos

Todos os mortos no acidente foram identificados pelo Instituto Médico Legal de Aparecida de Goiânia. São eles:

Aparecida Ribeiro, de 63 anos. É de Uberaba (MG), mas a família mora em Senador Canedo (GO);

O casal Maria Eunice Silva, de 67 anos, e Lourival José, de 74 anos. Eles eram de São Paulo;

Fabiana Tonussi Quirino Xavier, de 44 anos. Esposa de um militar, era moradora do Distrito Federal;

José Joaquim Macedo dos Santos, de 74 anos. Era morador do Gama (DF);

Ronaldo Reis, de 26 anos. Era natural do Piauí;

Acidente

O veículo da Real Expresso saiu de São Paulo (SP) com destino a Brasília (DF) e bateu, por volta das 2h, em um caminhão e uma viatura da concessionária que administra o trecho da BR-153. O ônibus despencou por uma ribanceira de 10m, parando somente no leito do Córrego Santo Antônio.

O local é próximo ao ponto em que o piso da rodovia erodiu no último domingo (19/12), após fortes chuvas. Por conta da cratera, metade da pista tinha sido bloqueada e um desvio foi feito no lugar.

O Metrópoles acompanhou o trabalho da equipe de resgate para içar o ônibus e retirá-lo da água. Os dois sentidos da BR-153 ficaram bloqueados para a operação de retirada do veículo do local. O trânsito só foi liberado no início da tarde.

A empresa responsável pelo ônibus e pela viagem disse que o acidente será investigado. “As causas do acidente serão apuradas em procedimento interno da empresa como também pelas investigações oficiais, e estamos trabalhando em conjunto com as Polícias Rodoviária e Civil para que tudo seja, o quanto antes, esclarecido”, informou a empresa Real Expresso.

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