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Idosa em situação análoga à escravidão é resgatada após 72 anos no RJ

“Ela não tem qualquer noção de que foi escrava esses anos todos”, diz diretora da central de idosos; o caso é o mais antigo do Brasil

atualizado

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Idosa é resgatada após 72 anos de trabalho escravo no RJ 2
1 de 1 Idosa é resgatada após 72 anos de trabalho escravo no RJ 2 - Foto: Reprodução/ Arquivo pessoal

Rio de Janeiro- Uma idosa foi resgatada após 72 anos de trabalho análogo à escravidão na zona norte do Rio de Janeiro. Aos 86 anos, a senhora que teve o nome preservado, nunca teve salário e direitos trabalhistas. Ela trabalhava desde os 12 anos para a mesma família. Nesta sexta-feira(13/5) a Abolição da Escravatura completa 134 anos.

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A vítima serviu três gerações e nunca teve direito a salário, férias, folga ou décimo terceiro
A vítima de 86 anos foi resgatada em março deste ano e está em um abrigo de idosos recebendo tratamento psicológico
A vítima não tem qualquer noção de que foi escrava por 72 anos
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A idosa não tinha cama e dormia em um sofá. Ela era cuidadora de uma senhora da mesma idade que a sua, na zona norte do RJ

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A vítima serviu três gerações e nunca teve direito a salário, férias, folga ou décimo terceiro

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A vítima de 86 anos foi resgatada em março deste ano e está em um abrigo de idosos recebendo tratamento psicológico

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A vítima não tem qualquer noção de que foi escrava por 72 anos

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A vítima foi resgatada pelo Ministério do Trabalho do Rio de Janeiro e está sob os cuidados da prefeitura desde 15 de março, após uma denúncia anônima. A idosa nunca teve direito a férias, 13º salário, FGTS e nem ao menos a uma cama. Ela dormia em um sofá e serviu a três gerações da mesma família, sem conhecer os seus direitos.

A idosa foi resgatada com seu documento de identificação, identidade, CPF, um passe de ônibus e um cartão de banco que recebia sua aposentadoria, mas não tinha a senha. Os dados bancários ficavam com o entregador. Ela foi atendida por assistentes sociais da central de recepção de idosos da Secretaria Municipal de Assistência Social, mas ainda tem dificuldade em entender o que realmente lhe aconteceu.

“Ela não tem qualquer noção de que foi escrava esses anos todos”, disse Cristiane Lessa, diretora da central de idosos da Secretaria Municipal de Assistência Social que está acompanhando o caso.

“Era da família”

Vinda de Vassouras aos 12 anos, a vítima nunca teve amigos, namorou, muito menos casou ou teve filhos. Ela não tem ideia sobre o paradeiro de seus familiares e durante esse tempo todo não teve qualquer contato com eles.

A mulher trabalhava como cuidadora de uma idosa que tem a mesma idade que a sua. O empregador, neto da idosa que a vítima cuidava, alegou ao auditor fiscal do trabalho que “ela era como se fosse da família”.

“Esse é o mais longo período da história de trabalho escravo no Brasil. Nosso desafio agora é ressocializar a vítima. Já encaminhamos o relatório de toda a ação para a Polícia Federal e para o Ministério Público Federal. Cabe a eles avaliar se houve crime ou não. Se esse empregador, neto da senhora que a vítima cuidava, for condenado, a pena é de reclusão de dois a oito anos”, explicou ao Metrópoles Alexandre Lyra, Auditor Fiscal do Trabalho que fez o resgate dessa idosa.

Caso a operação tivesse sido acompanhada pela polícia, o empregador poderia ser autuado e detido por prisão em flagrante.

A idosa foi encaminhada para a Clínica da Família Assis Valente, unidade de saúde de referência da região. Lá, ela atualizou a caderneta de vacinação e passou por uma consulta médica. Agora a vítima trata o quadro emocional e um problema oftalmológico.

“É muito comum que essas vítimas sintam saudade e queiram voltar para o lugar de onde vieram, mesmo em condições precárias. Quando nós informamos que ela não voltaria mais, a vítima começou a dizer desesperada que estava bem, que sente saudade e pediu para voltar porque tinha que dar café da senhora que cuidava, banho e remédio. É como se ela sentisse uma dívida com essa família. Ela achava que não podia deixar aquela casa, deixar se cuidar daquela senhora. Isso acontece muito, justamente porque aquele lugar é a referência, é a vida que elas tinham”, explica o auditor.

Uma irmã e uma tia da vítima que moram em Vassouras, interior do estado, já foram identificadas. Agora, será avaliado se essa senhora vai viver com elas ou se vai seguir com sua própria vida no abrigo.

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