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IDH de negros será igual ao de brancos só daqui a 35 anos

Relatório da ONU lançado na 3ª (28/5) avaliou nível de desigualdade no país, por gênero e raça. Mulheres negras chefiam 34% dos lares

atualizado

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Mãos negras: criança e adulto
1 de 1 Mãos negras: criança e adulto - Foto: Getty Images

“Se o crescimento do IDH dos negros brasileiros continuar no ritmo que tem atualmente, serão necessários 35 anos, ou seja, 9 mandatos presidenciais, para que ele se iguale ao IDH dos brancos, desde que essa pontuação não se mova mais”, afirmou Betina Barbosa, coordenadora da Unidade de Desenvolvimento Humano no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) no Brasil.

O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), composto de expectativa de vida, educação e indicadores de renda per capita, é usado para classificar os países em relação ao desenvolvimento humano. A fala da coordenadora do Pnud foi feita durante a apresentação do relatório Construir caminhos, pactuando novos horizontes, lançado na terça-feira (28/5).

O documento avaliou o nível de desigualdade no país, com base na correlação das desigualdades nos recortes de gênero e raça. Apesar de compor grande parte da população brasileira, equivalendo a 28,5% do total, as mulheres negras estão entre os segmentos mais frágeis por terem menos acesso à renda.

Apesar disso, o relatório mostra que nos 34% dos lares brasileiros são chefiados por negras. “O Brasil do futuro gera crianças de domicílios gerenciados por mulheres negras. Esse foi um achado muito significativo”, avaliou Betina Barbosa.

Em 2016 a dimensão educação passou a compor o Índice de Desenvolvimento Humano, com importância maior do que a dimensão renda. Atualmente, homens e mulheres negros representam 66% das pessoas sem instrução ou com até 1 ano de ensino e 15% e 21%, respectivamente, da população com ensino superior completo. Os índices comprovam desigualdade social.

Redução no IDH brasileiro pós Covid-19

O documento foi elaborado para celebrar os 25 anos da agenda de desenvolvimento humano no Brasil e revelou uma queda significativa no IDH do país, levando-o a patamares equivalentes aos de 2012. “O país era um antes da Covid-19, e os dois anos de pandemia abatem o Brasil e suas dimensões de desenvolvimento”, ressaltou Betina. Ela destacou que, em apenas dois anos, o Brasil perdeu as conquistas de desenvolvimento humano registradas até 2019.

A queda no IDH pós-pandemia não é exclusiva do Brasil. O relatório do Pnud aponta que o impacto da Covid-19 em escala global superou até mesmo a crise econômica de 2008. No entanto, no país, essa redução foi duas vezes maior do que o levantamento global mostra.

Betina Barbosa enfatizou que essa tendência também é observada em outros países da América Latina, onde as taxas de desigualdade são elevadas.

“O Brasil tem tudo para se recuperar, e já se recuperou. Essa recuperação não é a do IDH de 2019, ela ainda está abaixo. Mas não é só o Brasil que está abaixo. Vários outros países da América Latina ainda não se recuperaram”, afirmou.

 

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