Hurb: após calotes e ofensas, multa pode chegar a R$ 13 milhões
Uma das mais conhecidas plataformas para compra de pacotes de viagem, a Hurb se encontra em meio a uma crise envolvendo a Justiça e CEO
atualizado
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Uma das mais conhecidas plataformas para compra de pacotes de viagem, a Hurb se encontra em meio a uma crise. O calote em clientes, somado ao comportamento do CEO João Ricardo Mendes, fez o Ministério da Justiça e Segurança Pública abrir uma ação contra a empresa, antes chamada de Hotel Urbano.
O procedimento foi aberto pela Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon). O órgão alega desrespeito aos direitos dos consumidores. Wadih Damous, que responde pela secretaria, classificou a situação como “inaceitável”. As multas podem chegar a R$ 13 milhões. Na última quinta-feira (28/4), a pasta determinou que a empresa comprove condição financeira para a venda de pacotes.
Neste ano, foram registradas milhares de reclamações na plataforma consumidor.gov, onde a taxa de resolução de problemas caiu de 64% para 50%, com relação a 2022. João Ricardo tentava amenizar a crise falando diretamente com clientes.
Foram registradas conversas com o empresário, principalmente de madrugada. Em determinado momento, diante da não-resolução dos problemas, João mudou seu comportamento. O CEO ligou para um cliente afirmando que ele parecia uma “marica” no grupo de clientes.
Ele também debochava das ligações, afirmando que um cliente “acaba de ganhar um toco”. A outro, diz: “vai viajar em fevereiro de 2026”. De acordo com o Fantástico, João vazou dados de um usuário da plataforma, incluindo informações referentes a cartão de crédito, num grupo com mais de mil pessoas.
A Hurb tem mais de 1.600 funcionários e o modelo de negócios funcionou durante anos. A empresa conseguia oferecer preços atrativos porque vendia pacotes com preços flexivos. O cliente pagava a viagem com um longo período de antecipação e, então, o grupo reservava as passagens e a estadia.
Durante a pandemia, porém, o cenário mudou. A Hurb teve um volume de vendas superior a R$ 3 bilhões em 2020, durante o lockdown que atingiu em cheio o setor do turismo. O problema é que, pouco depois, com a demanda represada de viagens para realizar e questões como o aumento dos preços das passagens, a empresa enfrentou dificuldades para concretizar os pacotes vendidos.
João, que já se comparou a Elon Musk, se desculpou pelo comportamento e renunciou ao cargo de CEO, mas continua como sócio majoritário. “Acho que fui arrogante, falei para um cliente que estava sendo deselegante num grupo de centenas. Alguns levaram pra si”, disse ele, em entrevista recente ao Domingo Espetacular.
Em nota, o então CEO tentou separar seu comportamento da empresa. “Esses recentes acontecimentos, na verdade, foram erros do ‘João Ricardo Mendes’ e não de uma companhia inteira, que é muito maior que eu”, diz.
Enquanto isso, a empresa recebe diversas liminares, obrigando-a a cumprir os contratos firmados tanto com clientes como hotéis e pousadas, que alegam não ter recebido pela hospedagem. João prometeu, em vídeo, resolver o problema em “240 horas”, ou seja, dez dias.