Hospital infantil de Roraima tem 29 internações de Yanomamis em 5 dias
No total, 42 crianças Yanomamis estão em tratamento no local. Principais causas são diarréia, desnutrição, inflamação e malária
atualizado
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O Hospital da Criança Santo Antônio (HCSA) registrou, na última semana, pelo menos 29 internações de Yanomamis. Segundo informações da unidade de saúde, divulgadas nesta terça-feira (24/1), no total, há 59 indígenas etnia internadas no local, dos quais 42 são crianças. Ao longo do período, centenas de indígenas da etnia foram resgatados em situação avançada de desnutrição e outros problemas de saúde.
O número de novas internações corresponde ao período em que o Ministério da Saúde esteve no território Yanomami, e resgatou indígenas em meio à crise sanitária que assola as aldeias. A crise humanitária fez o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e três ministros visitarem Boa Vista, capital de Roraima, no sábado (21).
Profissionais da Força Nacional do SUS embarcaram nessa segunda-feira (23) para o território em Roraima, com o objetivo de reforçar o atendimento às vítimas de desnutrição e outros problemas de saúde.
As principais causas de internação na unidade de saúde são doença diarréica aguda, inflamação gastrointestinal aguda, desnutrição, desnutrição grave, pneumonia, picadas de cobra e malária.
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A situação no território é considerada grave pelo Ministério da Saúde. Após visita técnica no fim da semana passada, o governo federal decretou Estado de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (Espin) na região.
Nesta terça-feira (24), o secretário de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Ricardo Weibe Tapeba, defendeu que pelo menos 700 indígenas estão no Hospital e Casa de Apoio à Saúde Indígena, em Boa Vista, em condições “insalubres” em função da aglomeração.
“Temos uma estrutura [para hospital de campanha] sendo erguida hoje, porque temos mais de 700 pacientes na casa de apoio indígena e queremos desafogar aquele espaço, porque são condições insalubres”, afirmou.
Saúde dos Yanomamis
Em razão da grave precarização das condições de vida dos povos Yanomami, também em decorrência do garimpo ilegal, a população vive crise sanitária. Além de a atividade provocar assassinatos dos indígenas, nos últimos meses, foram registradas diversas mortes por desnutrição.
A exploração do garimpo ilegal traz a incidência de doenças infecciosas. A falta de assistência em saúde também contribui para o quadro.
O HCSA, administrado pela prefeitura de Boa Vista, é a única unidade de saúde em Roraima que atende crianças de até 13 anos. O local também costuma receber pacientes da Guiana e Venezuela, países que fazem fronteira com o Brasil.
Segundo a secretaria de Saúde do estado, o hospital tem uma estrutura para atneder tanto indígenas dos Yanomami quanto das demais etnias, “respeitando a cultura e tradição” desses povos, com leitos-rede para crianças e acompanhantes.
“Em respeito à cultura dos indígenas, a alimentação é diferenciada: conforme a preferência de cada etnia, a equipe nutricional adequa o cardápio do paciente, com alimentos como macaxeira, peixe com farinha e frutas regionais”.