Horas antes da demissão de Salles, empresários cobraram Lira sobre retrocessos ambientais
A não demarcação de territórios indígenas e a permissão de mineração nessas áreas são ideias intensamente criticadas pelo grupo
atualizado
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Diante das críticas em relação a aprovação de projetos de lei (Pls) que prejudicam o meio ambiente, mais de 100 empresários assinaram uma carta pedindo que o Legislativo vete três Pls da área ambiental defendidos pelo governo Bolsonaro. O documento foi enviado nesta quarta-feira (23/6) ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), horas antes de o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, pedir demissão de seu cargo.
A não demarcação de territórios indígenas, com permissão de mineração nessas áreas, é um dos projetos mais reprovados pelo grupo. Ainda mais que, nesta terça-feira (22/6), indígenas entraram em confronto com a Polícia Militar do Distrito Federal para tentar impedir a votação do projeto.
Na carta, divulgada pelo Estadão, o grupo afirma que a destruição das florestas causou mais uma crise hídrica a ser enfrentada pelo país e que isso traz muitas consequências para a indústria nacional. Como exemplo, citam o aumento do preço da energia elétrica, que encarece toda a produção dos bens de consumo.
“Nossos parlamentares, na sua maioria negando fatos cientificamente comprovados, estão prestes a aprovar projetos de lei que alteram profundamente a legislação ambiental, já sacramentada por vários governos e décadas de discussões, os quais agravarão sensivelmente esta já calamitosa situação”, afirma o grupo na carta.
Alguns dos nomes que assinam o documento são: Cândido Bracher (ex-presidente do Itaú), Walter Schalka (presidente da Suzano), José Olympio da Veiga Pereira (presidente do Credit Suisse), Celso Lafer (professor emérito da USP, ex-ministro das Relações Exteriores e presidente da Fapesp), Horácio Lafer Piva (acionista da Klabin e ex-presidente da Fiesp) e Luiz Fernando Furlan (ex-ministro ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior).
Outro projeto de lei que recebeu uma péssima repercussão é de autoria do deputado Vermelho (PSD-PR), o PL 984/19, que altera o Sistema Nacional de Unidades de Conservação e cria a categoria de “estrada-parque”. Ele abre caminho para a criação de uma estrada onde estão localizadas as cataratas do Iguaçu.
“O PL 984/2019, por exemplo, é um dos maiores retrocessos dos últimos tempos. Ele interfere no Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), criando a categoria estrada-parque. No mundo desenvolvido, estradas-parque são instrumentos que favorecem a conservação, para proteger paisagens lineares e biodiversidade”, argumentam. “O PL 984, porém, distorce o conceito, pois permite o desmatamento para abertura de estradas em áreas protegidas por lei, como parques nacionais”, completam.