“Honrada em ver o lugar que estamos ocupando”, diz Pequena Lô
Humorista e influenciadora tem síndrome rara que afeta os ossos; ao Metrópoles, ela afirma importância de ocupar espaços que sempre quis
atualizado
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Rio de Janeiro – Reconhecida por seus vídeos de humor, a influenciadora e humorista Lorrane Silva, a Pequena Lô, também usa as redes sociais para lidar com assuntos sérios e importantes, como o capacitismo.
“Muita gente tem uma mente fechada em relação às pessoas com deficiência. Acham que não sabem se comunicar, que não podem ter um namorado, serem formadas em uma faculdade. As pessoas têm dificuldade de ver uma pessoa com deficiência em evidência, falando sobre esse assunto ou fazendo vídeos de humor”, afirma em entrevista ao Metrópoles.
Formada em psicologia, ela estourou nas redes sociais na pandemia, com seus vídeos humorísticos que retratam cenas do cotidiano. Pequena Lô, no entanto, já sonhava em se tornar uma pessoa pública e tentava divulgar seu conteúdo desde 2015, pelo Instagram.
Com a, então recente, rede social TikTok, ela teve um vídeo sobre o filme High School Musical, da Disney, viralizado. “Foi algo rápido, mas que eu queria. Claro que assusta um pouco, porque mesmo que eu quisesse, a gente nunca sabe o que vai acontecer, mas senti que tinha sido reconhecida”, conta.
Para ela, o alcance que tem hoje em dia, com seus mais de 5 milhões de seguidores, se mostra importante também para levantar pautas necessárias para a sociedade.
“Quando comecei, há alguns anos, eu não tinha referência de pessoas públicas com deficiência. É claro que já existiam, mas elas ficavam em uma bolha fechada, que ainda precisava ser estourada para que as pessoas vissem mais. Então, ver muitas pessoas com deficiência hoje falando sobre vários assuntos é muito importante”, explica a humorista.
No próximo sábado (21/5), a jovem de 26 anos, abre a exposição “Em Desconstrução”, no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, que promove uma reflexão sobre o capacitismo. Junto a ela, participarão diversos nomes como da primeira modelo com Síndrome de Down do país, Maria Júlia de Araújo.
Aos 19 anos, Maria Júlia quebrou diversos padrões e, além de desfilar para marcas internacionais, se tornou a mais nova embaixadora da marca de beleza L’Oréal Paris.
“Fazer essa exposição em um museu que é muito conhecido e acessado é muito legal. Para mim, isso tem uma importância muito grande, fico honrada em ver que a gente está ocupando os espaços que temos vontade, de sermos vistos e de podermos falar para as pessoas, nos expressar”, conta Lô.
Preconceito e ataques
Na última terça-feira (17/5), Lorrane foi ao Twitter reclamar de ataques sobre seu aspecto físico.
“Quando comecei, tive medo, porque a gente sabe que a internet te oferece coisas boas, mas que muitas das pessoas despejam ódio. Já recebi diversos comentários falando da minha altura, que fiz sucesso só pela minha deficiência, mas hoje isso não me afeta como antes”, afirma à reportagem.
“Entendo, hoje, que é uma forma dessas pessoas demonstrarem que não aceitam alguém com deficiência tendo essa audiência toda, esse reconhecimento. Muitas das vezes, são pessoas que não conseguiram realizar muitas coisas que queriam, e que se frustram. É muito mais profundo do que a gente pensa”, completa.
Próximos passos
Misteriosa, a humorista afirmou ao Metrópoles que assinou contratos recentemente e que novos projetos estão por vir.
“Não posso revelar ainda, mas logo menos deve sair. Estou em outra agência agora e tem muita coisa vindo por aí. Agora, é o que eu sempre falei, a minha meta é estar na televisão, porque seria uma representatividade incrível. Esse é meu próximo sonho, ter um programa humorístico e fazer um curso de teatro para, quem sabe, me tornar uma atriz”, conclui.
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