Homem que teve corda cortada por morador: “Coração tá desesperado”
Mayk limpava fachada de prédio quando um morador da cobertura cortou a corda que o segurava. O trabalhador estava a 18 metros do chão
atualizado
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O trabalhador que teve a corda de segurança cortada pelo morador de um prédio em Curitiba (PR) revelou que, até chegar ao solo, não sabia por que o equipamento tinha arrebentado. “Foi tudo muito rápido, mas com o treinamento que a empresa passou para a gente, eu logo fiz um desvio de corda e fiquei preso pela ‘linha de vida’ e pela trava-queda e continuei minha descida”, contou Mayk Gustavo da Silva, vítima de tentativa de homicídio, no programa Encontro, da TV Globo, na manhã desta quinta-feira (28/3).
O supervisor de Mayk presenciou a cena e revelou ao funcionário que o morador da cobertura havia cortado a corda.
O caso ocorreu no último dia 14. Mayk limpava a fachada de um edifício, no Bairro Água Verde, quando o morador da cobertura, que fica no 27º andar, identificado como Raul Ferreira Pelegrin, cortou a corda que segurava o trabalhador.
O rapaz estava a 18 metros do chão. Raul Pelegrin foi preso em flagrante e deve responder por tentativa de homicídio.
Quando conseguiu chegar ao solo, o trabalhador foi informado do ocorrido por meio do supervisor, que testemunhou todo o crime. “Fiquei sem reação nenhuma. Não entendi porque ele fez isso. Para mim, ele simplesmente cortou a minha corda sem motivo nenhum. Como que um cara faz uma coisa dessa? Coração está desesperado ainda”, desabafou Mayk, ainda abalado.
Apesar de atuar na área de limpeza predial há três anos, Mayk contou que fazia apenas dois dias que trabalhava no prédio em que Pelegrin mora e que nunca tinha visto o morador. “Antes de cortar a minha corda, ele ameaçou um outro ‘colega de corda’, que estava em uma outra janela”, revelou.
Dispositivo de segurança
Após o corte da corda, a polícia foi ao Bairro Água Verde e precisou arrombar a porta de um dos quartos do apartamento da cobertura. Raul Pelegrin foi encontrado e reconhecido pela vítima. No local, também foram encontrados a faca usada no crime e um pedaço da corda.
De acordo com o Ministério Público do Paraná (MP-PR), Mayk apenas sobreviveu graças a um dispositivo chamado trava-quedas. Além da corda, que foi cortada, o trabalhador é segurado por um cordão de aço, conhecido como “linha de vida”, que vai do topo do prédio até sua base. É nesse cabo que o “trava-quedas” é fixado. O dispositivo, então, é preso ao profissional.
De acordo com os advogados da vítima, Raul Pelegrin tentou cortar, também, a “linha de vida”, porém, como o material é mais resistente, a faca quebrou e não foi possível realizar o corte.
Pedido de soltura negado
De acordo com o g1, a defesa do acusado entrou com pedido de habeas corpus solicitando a soltura de Pelegrin sob o argumento de que ele é dependente químico e seria levado a uma clínica de tratamento. Entretanto, o pleito foi recusado.
Pelegrin está preso preventivamente na Cadeia Pública de Curitiba.