Homem que chamou porteira de “macaca” responderá por injúria racial
Morador ainda chamou mulher de “chimpanzé”; ele não compareceu à polícia e delegado concluirá inquérito, com indiciamento também por ameaça
atualizado
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Goiânia – O homem que aparece em imagens xingando de “macaca” e “chimpanzé” a porteira de um prédio de luxo de Goiânia será indiciado por injúria racial e ameaça. O inquérito será concluído e remetido ao judiciário sem que ele seja ouvido, pois os advogados informaram ao delegado que ele permaneceria em silêncio.
O delegado responsável pelo caso, Gil Bathaus, tenta desde segunda-feira (19/4) interrogar o morador do prédio, identificado como Vinícius Pereira da Silva. Apesar da intimação, ele não compareceu à delegacia. Os advogados dele estiveram na manhã desta quinta-feira (22/4) no local para anexar documentos aos autos.
A princípio, segundo o delegado, os advogados de Vinícius solicitaram que o interrogatório fosse feito por vídeo. Eles alegaram como motivos a pandemia da Covid-19 e a repercussão que o caso tomou, por questões de segurança, para que o cliente fosse ouvido à distância.
Bathaus não viu problema na solicitação e aceitou. Em seguida, no entanto, foi avisado de que o homem ficaria em silêncio e faria uso do direito constitucional de se manifestar somente em juízo. “Diante dessa afirmação, falei que não seria sequer necessário o interrogatório do investigado”, disse o delegado ao Metrópoles.
Ele pediu, então, que os advogados enviassem um documento para juntar aos autos, no qual eles informam a decisão de Vinícius de ficar em silêncio, com assinatura do cliente e dos representantes. “Entendo que juridicamente não tem problema nenhum”, diz Bathaus.
O investigado era a última pessoa que faltava ser ouvida para concluir o inquérito. A porteira e o síndico do prédio (Residencial M Times), Anderson Schneider, estiveram na delegacia na segunda-feira, quando o caso foi registrado, e deram depoimento. “Aquela cena não sai da minha cabeça”, disse a funcionária.
Veja o momento em que ela foi xingada:
Entenda o caso
O morador Vinícius Pereira da Silva, segundo o síndico do Residencial M Times, Anderson Schneider, chegou ao portão da garagem do prédio, na tarde de domingo (18/4), sem o controle e apenas piscou os faróis para que a porteira liberasse a entrada.
A funcionária, no entanto, esperou que o morador se identificasse, conforme as regras de segurança do local, e não abriu o portão. “Ela seguiu o procedimento correto”, disse o síndico na segunda-feira, quando esteve na delegacia para testemunhar a favor da porteira.
Insistente, Vinícius seguiu piscando os faróis do carro, mas a funcionária não cedeu. Ele ligou na portaria, e a mulher pediu que o morador se identificasse por telefone. Irritado, o homem começou a xingá-la.
Em seguida, o morador desceu do carro, alterado, foi até a portaria e proferiu xingamentos racistas. “Macaca, você está fudida (sic)”, disse. Ao ver que a funcionária estava gravando, ele a chamou de “chimpanzé” e disparou: “Me encara, desgraça”. A funcionária trabalha há seis anos como porteira e atuou antes numa empresa de vigilância.
Posteriormente, em contato por telefone, ele voltou a insultar a porteira, que gravou a conversa. No vídeo, é possível ouvir o morador dizendo que ela não presta e que é “uma merda” (sic). Nas duas oportunidades, o homem chegou a dizer que é policial federal, fato negado pela corporação.