Homem que chamou funcionária de “preta” paga fiança e é solto em GO
De acordo com o TJGO, fiança paga pelo homem para sair da detenção foi de R$ 3,3 mil. Durante depoimento, ele ficou em silêncio
atualizado
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Goiânia – O homem preso em flagrante pela Polícia Militar de Goiás depois de insultar de maneira racista a funcionária de um supermercado no Setor Marista, região nobre da capital goiana, já está solto. Conforme o termo de fiança, Rodrigo Gomes da Paixão pagou R$ 3,3 mil e deve responder em liberdade. Durante o depoimento, ele informou que não havia nada a declarar sobre as agressões à fiscal de caixa.
O caso aconteceu no último domingo (14/11) e foi registrado por testemunhas. Segundo a vítima, o homem teria dito que não queria ser atendido por uma “preta”. Outros clientes tentaram segurar o suspeito e seguiram ele até o estacionamento, onde foi preso pela Polícia Militar.
Veja o vídeo:
A fiscal de caixa, que tem 19 anos, ficou constrangida e chorando depois de ter sido agredida pelo cliente, segundo o boletim de ocorrência. Ela relatou à polícia que foi chamada de “preta” por várias vezes.
O Metrópoles entrou em contato com a defesa de Rodrigo Gomes da Paixão, mas até o fechamento desta matéria, não houve retorno.
Confirmação
Em depoimento, duas testemunhas confirmaram o que foi dito pela fiscal de caixa agredida de forma racista. Uma delas afirmou que a vítima se aproximou de Rodrigo na intenção de ajudá-lo, no entanto, foi insultada por ele.
“Ele se exaltou e começou a gritar, dizendo que depois que o mercado começou a atender pobre, classe média não tem vez de preferência. ‘Só tem pobre aqui! Eu tô fazendo é favor de comprar no mercado!’ Depois a vítima se aproximou perguntando se poderia ajudar, nesse momento ele respondeu gritando: ‘Essa merda desse mercado, quando vem alguém atender ainda vem uma preta”, disse uma das testemunhas.
Uma segunda testemunha ressaltou que Rodrigo foi impedido de sair do local por populares. Segundo o depoente, o homem afirmou que era racista mesmo. “Eu estava no referido hipermercado, próximo à escada rolante, quando
vi o homem gritando e ofendendo a vítima. Ele gritava: ‘sua preta’, além de outras ofensas. Eu disse para ele parar e ele respondeu: ‘Não vou parar, sou racista mesmo e ela é uma preta'”, disse a pessoa que presenciou o fato.
Ainda de acordo com ela, o homem correu em direção ao estacionamento do supermercado, mas foi perseguido e alcançado quando estava entrando no seu veículo. Segundo a testemunha, havia mais de 30 pessoas no local que impediram a evasão do sujeito até a chegada da Polícia Militar.
Beijinho
Vídeos mostram o suspeito de camiseta vermelha mandando beijinho e acenando para clientes que aplaudiram a ação policial. Pouco antes de entrar na viatura, um policial diz para o suspeito que ele poderá ser algemado.
“Você vai acompanhar a gente até a delegacia, a princípio sem algema, certo? A princípio. Se você resistir, o primeiro ato: você será algemado”, diz um policial.
O suspeito foi levado para a Central de Flagrantes da Polícia Civil. O caso foi registrado como crime contra a honra e injúria racial. A investigação será feita pelo Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Geacri).