Homem morto em ação da PM avisou sobre tentativa de extorsão; áudio
Comerciante de 35 anos relatou que teve a casa invadida por militares que cobraram uma arma de fogo. Governador condenou abordagem com morte
atualizado
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Goiânia – O comerciante Wilker Darckian Camargo, de 35 anos, relatou, em áudio enviado para a namorada, que teve a casa invadida por policiais militares na semana de sua morte. Ele teria sido torturado pelos PMs, que teriam pedido uma arma de fogo.
Ouça o áudio:
Wilker foi morto por policiais na manhã da última sexta-feira (10/12) em Trindade, Região Metropolitana de Goiânia. Um vídeo mostrou o momento da ação, em que ele é arrastado por três militares para dentro de uma casa e é possível ouvir um barulho de tiro.
No áudio de WhatsApp repassado para a namorada, o comerciante diz que foi abordado por PMs, que foram até sua casa. Ele e seus cachorros teriam sido agredidos. Os militares queriam um revólver e como não encontraram, Wilker teria ficado responsável por adquirir um.
“Aí o celular, dizendo eles, é roubado. Eles querem que eu dê um revólver para eles agora. Eu vou vazar véi”, afirmou o comerciante na mensagem de voz.
Medo
Depois da morte de Wilker, a namorada dele contou que o comerciante estava com medo depois dessa abordagem violenta, que teria ocorrido na terça-feira (7/12). Ele estava até dormindo em um motel, fora de casa, porque se sentia coagido.
Wilker é filho do cabo reformado da PM de Goiás Moacir Divino Camargo da Silva, de 58 anos. A namorada do filho também relatou a situação em áudios, enviados para o sogro.
“Esses últimos dias ele estava bem mal, bem baqueado, porque o pessoal invadiu a casa dele, destruiu a casa dele e ele não tinha nada. Não tinha arma, não tinha droga. (…). Ele ainda falou ‘eu vendo meu carro’, quando o cara pediu para ele arrumar uma arma para ele, o militar”, afirmou a namorada.
Veja o vídeo da ação que resultou na morte:
Wilker chegou a ser levado para o Hospital de Urgências de Trindade (Hutrin), mas não resistiu. Ele foi enterrado ao lado do túmulo da avó, no sábado (11/12), no município de Caturaí (GO).
Em entrevista ao Metrópoles, o cabo Moacir disse que o filho foi “covardemente executado” e que vai buscar justiça.
Deve ser punido
O governador Ronaldo Caiado (DEM) comentou o caso após ser questionado na Rádio Terra FM de Goiânia. Ele condenou a ação dos policiais e disse que isso deve ser punido.
Caiado afirmou que o comando-geral da PM “não passa a mão na cabeça de ninguém que venha praticar qualquer ato acima daquilo que está previsto dentro das normas da Polícia Militar”.
A Polícia Militar determinou o afastamento de todos os policiais envolvidos na ocorrência e foi aberto um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar os fatos. A corporação disse que o caso será investigado com o devido rigor e que todas as providências estão sendo tomadas.
Secretaria de Segurança Pública e Polícia Civil não responderam aos questionamentos do Metrópoles sobre o caso.