Homem é preso suspeito de superfaturar medicamentos do kit intubação
Segunda fase de operação que apura abusos na venda de remédios usados no tratamento da Covid-19, em Goiânia, resulta em apreensão e prisão
atualizado
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Goiânia – A Polícia Civil de Goiás (PCGO) encontrou na casa de um homem de 33 anos, em na capital goiana, diversas caixas de medicamentos de alto custo, utilizados na sedação de pacientes graves, inclusive de Covid-19, que vinham sendo comercializados com valor superfaturado e em condições inadequadas.
O homem foi preso em flagrante pelos crimes de falsificação, corrupção e adulteração de produtos destinados a fins terapêuticos ou medicinais. A casa dele fica no Setor Negrão de Lima. No local, foi apreendido um total de medicamentos equivalente a R$ 450 mil, conforme os valores aplicados no chamado mercado ilícito.
Esta é a segunda fase da Operação Nisi Facilis, que visa desarticular associações criminosas que estão se aproveitando do momento de fragilidade, não só do sistema de saúde, mas também de familiares de pacientes com Covid-19, para comercializar medicamentos com preços abusivos. Muitos deles, inclusive, estão em falta no mercado regular.
Entre os produtos encontrados na casa vistoriada, estão: propofol, que é utilizado na intubação e em procedimentos clínicos complexos, heparina, cefriaxona, etomidato, succinato sódico e med pex. Alguns deles integram o chamado kit intubação, que esteve em falta no Brasil, durante o pico da segunda onda da pandemia, em março e abril deste ano.
Famílias enganadas
A operação foi deflagrada pela Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra o Consumidor (Decon). No decorrer da investigação, foi constatado que muitas famílias teriam sido enganadas pelos grupos que ofereciam medicamentos em falta no mercado, por preços abusivos.
No intuito de evitar a morte de pessoas queridas e já em contexto de desespero e desequilíbrio emocional, parentes de pacientes com Covid-19 acabaram comprando os medicamentos, apesar da falta de procedência, o que infringe as normas sanitárias, e do correto acondicionamento ou refrigeração.
Na primeira fase da operação, deflagrada no final de maio, sete pessoas foram indiciadas. Elas são suspeitas de comercializar medicamentos de alto custo utilizados no tratamento de pacientes com Covid-19, com preço até 23 vezes mais caro do que o praticado no mercado regular.
Valores
Famílias de doentes chegaram a pagar quase R$ 50 mil pela caixa de um remédio, conforme o evidenciado pela investigação. Uma caixa de tocilizumabe, com quatro seringas, por exemplo, que é vendida em média no mercado convencional por R$ 6.399,00, era comercializada no mercado criminoso por R$ 12 mil cada seringa, ou seja, R$ 48 mil a caixa.
Todos os envolvidos foram indiciados por associação criminosa (pena de reclusão de 1 a 3 anos) e crime contra a saúde pública, que é um tipo penal hediondo equiparado a adulteração de medicamentos, consistente no comércio ilícito de medicamentos (pena de 10 a 15 anos de reclusão).