Hidrolipo: o que é a operação para emagrecer e seus principais riscos
Cirurgia é feita com anestesia local, o que a torna mais barata, mas também mais arriscada, diz especialista consultado pelo Metrópoles
atualizado
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Rio de Janeiro – Sensação entre as mulheres que buscam beleza e preço menor, a hidrolipo tem feito novos adeptos e, consequentemente, novas vítimas do procedimento mais barato, mas também bem mais arriscado que a tradicional lipoaspiração. E o motivo, de acordo com especialista consultado pelo Metrópoles, está no tipo de anestesia usada no procedimento para emagrecer.
De acordo com o médico Wendell Uguetto, membro da Sociedade de Cirurgia Plástica, o principal fator que barateia a hidrolipo é o fato de a cirurgia ser realizada com anestesia local, com o paciente acordado. Ouça a explicação do médico:
“Isso elimina a necessidade de centro cirúrgico e de equipe, o que deixa a conta mais barata. Na lipo, é preciso anestesia geral, o que só pode ser feito em ambiente hospitalar. Com anestesia local, a operação ocorre no consultório, desde que o profissional seja capacitado e tenha as licenças e autorizações necessárias”, explica o especialista.
O procedimento foi o escolhido pela comerciante Rosimery de Freitas Dário, de 50 anos, que pagou 8 mil reais por ele. Ela morreu nessa terça-feira (25/1) após a hidrolipo realizada pelo médico Ronald Renti da Rocha na Clínica de Estética Cemear, em Duque de Caixas.
Diante do corpo da paciente, o médico pediu perdão à filha da vítima. Ele é investigado pela Polícia Civil e pelo Conselho Regional de Medicina do Rio (Cremerj).
Para aplicar a anestesia local no paciente, o médico utiliza uma mistura chamada de solução de klein. O cirurgião injeta uma mistura de anestésico (em geral, lidocaína), soro fisiológico e adrenalina, o que diminui os vasos capilares e reduz a perda de sangue.
“A quantidade injetada, para que não haja toxicidade, acaba limitando a área e a quantidade de gordura a ser retirada. Para fazer com que o paciente fique mais feliz e o resultado seja mais expressivo, os médicos acabam extrapolando na dose, causando as complicações que podem levar à morte”, ensina o médico.
“Se utilizadas mais do que uma ou duas ampolas, por exemplo, a solução se torna tóxica e o paciente pode ter uma parada cardiorrespiratória no próprio consultório médico”, completa Wendell Uguetto, que alerta para a necessidade de os clientes se certificarem sobre a segurança das clínicas e consultórios, além de verificar os históricos dos profissionais.
A família de Rosimery está aguardando a liberação do corpo para fazer a cremação. As cinzas serão jogadas na cidade de Arraial do Cabo, na Região dos Lagos, onde a dona de casa costumava visitar.
Este é o segundo caso de morte de paciente após esse procedimento estético em pouco mais de um mês. Em dezembro passado, a diarista Maria Jandimar Rodrigues morreu também após realizar uma hidrolipo em uma clínica na zona norte do Rio. O local não tinha licença da Vigilância Sanitária para funcionar e oferecia consultas médicas.