RS: viúva e filhos lutam por reconhecimento paterno há quase 40 anos
Viúva e filhos de José Decarli tentam provar que taxista era filho do milionário Décio Zago. Herança é avaliada em mais de R$ 100 milhões
atualizado
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Um processo judicial milionário que dura quase 40 anos, no Rio Grande do Sul, busca determinar a paternidade do taxista José Decarli dos Santos Martins (à esquerda na foto em destaque), que morreu em 2017, aos 73 anos.
O suposto pai de Dercali seria Décio Henrique Zago (à direita, na foto em destaque), que atuou como médico e foi presidente da Câmara de Comércio Internacional de Exportação de Carne Brasil e Itália. Ele morreu em 2013, aos 100 anos, e deixou herança avaliada em mais de R$ 100 milhões.
A família de José Decarli alega irregularidades nos dois testes de DNA feitos anteriormente e argumenta falta de transparência. A viúva dele, Gladis Heinrich Martins, 75, e os três filhos questionam os resultados negativos de DNA e buscam provar a paternidade, mesmo após a morte.
“Queremos apenas participar de todas as etapas e garantir que tudo seja feito com transparência. Nosso desejo é simples: saber se meu pai era realmente filho (de Décio) e dar essa resposta a ele, mesmo que ele já não esteja mais aqui”, explicou um dos filhos de Decarli.
Uma audiência, marcada para a tarde desta quinta-feira (12/12), decidirá sobre a realização de um novo teste de DNA. O caso, aberto em 1986, tramita em segredo de Justiça.
O que diz a família de Decarli
Gladis Heinrich Martins, viúva do taxista José Decarli dos Santos Martins, lidera a busca pelo reconhecimento da paternidade do falecido marido.
De acordo com a mulher, a sogra, mãe de Decarli, antes de falecer, disse ter engravidado de Décio Henrique Zago após um relacionamento extraconjugal, enquanto trabalhava como empregada doméstica na casa da família dele. “Nunca houve o reconhecimento oficial dessa paternidade, mas ela sempre afirmou que ele — o Décio — era o pai do filho que teve”, conta Gladis.
No total, foram feitos dois exames de DNA. Ambos os testes não atestaram a paternidade, indicando que, segundo as análises, Zago não seria o pai biológico de José Decarli. Apesar disso, a família de Decarli contesta a validade de ambos os testes.
“Quando o médico Décio ainda estava vivo, a família dele não permitiu a entrada da equipe do laboratório para realizar a coleta domiciliar, pois alegou que ele estava doente e condicionou uma nova coleta a autorização médica. Quando uma nova coleta foi agendada, descobrimos que o Décio havia falecido e que o corpo dele havia sido cremado, sem que o juiz fosse avisado”, revela a viúva Gladis.
Na segunda tentativa, após a morte de Décio, a Justiça determinou a coleta do material genético das filhas. No entanto, José Decarli não foi intimado para participar do processo, e não pôde estar presente durante a coleta.
A família do taxista alega que não conseguiu acompanhar a coleta do material em nenhuma das ocasiões e questiona a transparência e confiabilidade dos procedimentos.
O que diz a família de Décio
O Metrópoles procurou os advogados da família de Décio Henrique Zago, que alegou não poder comentar o caso, pois corre em segredo de Justiça. O espaço segue aberto para manifestações.