Haddad sobre o Brasil no G20: “Somos laboratório do que precisa mudar”
Fernando Haddad informou que o Brasil propôs novo pilar da OCDE para debate entre os países do G20 sobre a taxação dos “super-ricos”
atualizado
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o Brasil é um “laboratório do que precisa mudar” na desigualdade mundial. A declaração ocorreu, nesta quinta-feira (23/5), durante o encerramento do Simpósio de Tributação Internacional do G20.
“O Brasil é uma espécie de ‘pequeno mundo’, porque a desigualdade no Brasil é muito parecida com a desigualdade mundial. Então, nós somos aqui um laboratório do que precisa mudar, do que precisa encontrar um caminho de alteração”, disse.
Na opinião dele, não é possível superar dificuldades e desafios a partir do que chamou de “velhas instituições”. “Vamos ter que repensar as instituições, nós vamos ter que repensar os organismos multilaterais”, defendeu.
Ele voltou a defender a taxação dos chamados “super-ricos” durante o encerramento e fez menção a como o Brasil está estimulando projetos para contornar a grande disparidade socioeconômica entre países e entre a sociedade internacional.
Haddad defende novo pilar da OCDE
Durante o discurso, o ministro citou a implementação de duas iniciativas Pilar 1 e Pilar 2, propostas pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e aceitas pelo G20 (Grupo dos 20) em 2021.
Para ele, essas propostas da OCDE deram uma “demonstração de que é possível a cooperação internacional em termos de taxação, para benefício mútuo, de todos os países envolvidos”.
O Pilar 1 e Pilar 2 visam modificar a forma de tributar ao desenvolver novos mecanismos de cálculo e recolhimento de imposto para multinacionais. Ou seja, a cada ano, essas empresas deverão destinar parte da renda aos países onde atuam e fazem vendas.
De acordo com o ministro da Fazenda, o Brasil pretende oferecer uma proposta de “uma espécie de Pilar 3 da OCDE” por meio da taxação dos chamados “super-ricos” para investir em medidas de combate às mudanças climáticas.
“É como se nós tivéssemos avançando aos poucos para aquilo que pode efetivamente ordenar as nossas instituições em proveito de uma saída global para os nossos desafios”, analisou.
O ministro afirmou ter ficado feliz com o peso que a proposta ganhou em pouco tempo.
“Nós tivemos países do G7 se manifestando a favor, nós tivemos países da Europa se manifestando a favor. Ou seja, há uma consciência de que algo precisa ser feito. Até porque, os próprios países ricos hoje são vítimas do movimento de capitais, eles próprios não conseguem fazer uma taxação dentro das suas próprias fronteiras sem a cooperação internacional”, explicou.
Segundo ele, esta é uma iniciativa que pode “beneficiar a humanidade” de forma inédita, se for “bem desenhada”. Ele completa dizendo que “talvez nós nunca tenhamos pensado em algo tão progressivo do ponto de vista de criar as condições financeiras para enfrentar os desafios globais como está sendo pensado nesse G20”.
“Acredito que o decisão do presidente Lula de trazer para o G20 um tema tão importante quanto esse [taxação dos super-ricos] e dentre outros, porque a questão da fome e da mudança climática está associada a questão do financiamento, mas pensar estruturalmente esses problemas, do começo ao fim, eu penso que é uma novidade que veio para ficar”, finalizou o ministro.