Haddad fala em paz entre Lula e Campos Neto: “Não sai do churrasco”
Ministro Fernando Haddad (Fazenda) admitiu desafios no relacionamento entre o governo Lula e o Banco Central (BC), mas falou em pacificação
atualizado
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Após alguns meses de turbulência entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente do Banco Central (BC), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, salientou que a relação foi pacificada. Ao longo dos primeiros meses de 2023, Lula criticou por diversas vezes o presidente do BC, Roberto Campos Neto.
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Haddad entrou em campo e ajudou na aproximação do presidente da República com o chefe da autoridade monetária, e o tom do presidente da República foi amenizado após iniciado o ciclo de cortes na taxa básica de juros, a Selic.
“(O relacionamento) Foi muito desafiador, continua sendo muito desafiador, mas o que eu noto é que as equipes tiveram um papel institucional muito construtivo tanto da Fazenda quanto do Banco Central”, iniciou Haddad durante participação no Roda Viva, da TV Cultura.
“Agora, o Roberto Campos Neto não sai do churrasco lá da Granja do Torto, já foi convidado para ir para o (Palácio da) Alvorada. Então, está tudo em paz”, continuou.
Em dezembro de 2023, Campos Neto aceitou convite de Lula para a festa de confraternização de fim de ano com ministros do governo, realizada na Granja do Torto, residência de campo da Presidência da República. Antes disso, ele foi recebido por Lula algumas vezes no Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente.
Sobre o próximo presidente do BC, o ministro da Fazenda disse que, “evidentemente”, um dos quatro diretores indicados por Lula no ano passado pode vir a presidir a instituição, ou alguém de fora pode ser convidado. “Penso que isso (uma decisão) vai ficar mais para o meio do ano”, avaliou.
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O mandato de Roberto Campos Neto se encerra em dezembro de 2024. Ele tem dito que ficará no cargo até o término previsto.
Autonomia do BC
Haddad salientou que não está colocada uma discussão sobre revisão da lei de autonomia do BC, de 2021, mas se mostrou favorável a uma mudança no mandato do presidente da instituição.
Em tom crítico, ele disse também que o modelo adotado no Brasil é diferente do resto do mundo. “O nosso modelo de autonomia foi um pouco além do que a experiência internacional recomendaria, na minha opinião.”
“Avançar dois anos do mandato do presidente eleito talvez tenha sido um excesso, talvez se avançasse um ano, já que o presidente (da República) não vai poder demitir o presidente do Banco Central”, completou.