Haddad convoca bancos multilaterais a aderirem à Aliança contra a Fome
Em evento do G20 nos EUA, Haddad pediu cooperação internacional para combater a fome e a pobreza no mundo
atualizado
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, convidou bancos multilaterais a aderirem à Aliança Global contra a Fome e a Pobreza. Haddad discursou, na manhã desta quarta-feira (17/4), no evento “G20 Global Alliance Against Hunger and Poverty-related event”, na sede do Banco Mundial, em Washington, nos Estados Unidos.
Proposta pelo governo brasileiro, a aliança é coordenada pelos ministérios do Desenvolvimento Social (MDS), da Fazenda e das Relações Exteriores (MRE). Trata-se de um mecanismo prático para mobilizar recursos financeiros e conhecimento para os países que mais precisam.
Haddad defendeu que a fome, “além de ser inaceitável de uma perspectiva puramente humanística”, é também um problema econômico premente que produz efeitos nocivos duradouros.
“Fome mina a produtividade das economias. Por conseguinte, a luta contra a fome deve estar no centro das decisões de política econômica. A erradicação da fome em todo o mundo teria um enorme impacto econômico, quebraria o ciclo vicioso da pobreza, geraria dinamismo econômico através da inclusão de uma parte considerável da sociedade que não tem acesso a condições de vida básicas”, argumentou.
Como proposta, ele convocou os representantes dos bancos multilaterais de desenvolvimento e dos governos presentes na capital norte-americana a aderirem à Aliança contra a Fome e a Pobreza.
“Queremos muito trabalhar com cada um de vocês de maneira personalizada para encontrar a melhor maneira de se envolver nessa iniciativa”, disse ele, que ainda pontuou que, com esse esforço, o mundo poderá ficar livre da fome até o final desta década.
Haddad também defendeu o legado das políticas públicas dos primeiros governos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e afirmou que a fome e a pobreza são “resultado de escolhas políticas”.
Endividamento
No discurso, o auxiliar do presidente Lula também tratou da crise econômica decorrente da pandemia de Covid-19, que teve como uma das consequências o endividamento nos países do chamado Sul Global.
“Agora que a tempestade parecia ter ficado para trás, ainda estamos diante de desafios econômicos importantes. Nós temos que começar a medir também os efeitos sociais devastadores de todo esse processo.”
Ele salientou que o mundo pode estar “à beira de uma nova crise de dívida”, visto que há vários países comprometendo partes muito significativas dos seus orçamentos com o serviço da dívida. Como encaminhamento, ele disse que está sendo organizado, para o próximo mês de junho, um debate sobre a dívida liderado pelos países africanos.
A economista francesa Esther Duflo, vencedora do prêmio Nobel de Economia de 2019, e uma das principais vozes a favor da taxação dos bilionários, estava presente durante o discurso do ministro brasileiro.
O Brasil assumiu a presidência do G20 até novembro de 2024. O anúncio foi feito durante a 18ª Cúpula, realizada em 2023 na Índia.