Haddad: chuva no RS causa pressão inflacionária, mas não a longo prazo
Haddad contrapôs ata do Copom, já que análise do BC fala em “grande incerteza a respeito dos efeitos econômicos da tragédia no RS”
atualizado
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou, nesta terça-feira (25/6), que a pressão inflacionária devido às chuvas no Rio Grande do Sul, citada na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) como fonte de incertezas, afeta a inflação de curto prazo.
“Acredito que tem uma pressão, uma pequena pressão inflacionária em função do que aconteceu no Rio Grande do Sul. Essa é uma inflação que afeta o curto prazo”, disse a jornalistas na manhã desta terça-feira.
Haddad prosseguiu: “O horizonte do Banco Central é de médio e longo prazo. Não faz muito sentido levar em consideração o que está acontecendo em função do Rio Grande do Sul para fim de política monetária, porque o juro de hoje está afetando 12, 18 meses para a frente”.
Razão da fala de Haddad
De acordo com a ata do Copom, para a diretoria do BC, “há grande incerteza a respeito dos efeitos econômicos da tragédia no Rio Grande do Sul”.
A diretoria reforça que “permanecem incertezas sobre a intensidade da queda de atividade e sua recuperação subsequente, bem como sobre a diminuição do estoque de capital, causadas pelas enchentes e inundações”.
A ata do Copom
Nos últimos dias, o colegiado do Copom — composto por diretores e pelo presidente Roberto Campos Neto — decidiu, por unanimidade, manter a taxa de juros básica, a Selic, inalterada em 10,5% ao ano, em meio à aceleração da inflação no país, influenciada por alimentos e pela alta do dólar.
Com a decisão, o BC decidiu interromper o corte de juros e, assim, a Selic será mantida em 10,5% ao ano até a próxima reunião do Copom, marcada para 30 e 31 de julho.
Para o ministro da Fazenda, a ata “está muito aderente ao comunicado, não tendo nada de muito diferente no comunicado”.
Isso, ainda segundo Haddad, é positivo, porque “transmite a ideia de que está havendo uma interrupção para avaliar o cenário interno e externo, para que o Copom fique à vontade para tomar decisões a partir de novos dados”.
Mais cedo, a ata do Copom avaliou que “eventuais ajustes futuros” na taxa de juros — o que pode acarretar possíveis aumentos na Selic — “serão ditados pelo firme compromisso de convergência da inflação à meta”.
Ao ser questionado se, após meses de cortes de juros, a Selic pode fazer uma curva inversa e começar a subir nos próximos meses, Haddad reforçou que o documento do BC aborda apenas a interrupção do processo de queda do juro.
“Eventuais ajustes, se for necessário, sempre vão acontecer. O que é importante frisar é que a diretoria [do Banco Central] fala numa interrupção do ciclo [de cortes dos juros] e me parece que essa é uma diferença importante para se salientar”, declarou o ministro da Fazenda.