Haddad brinca com autonomia do BC: “Não precisamos ficar de mal”
Ministro Fernando Haddad elogiou o diretor do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, cotado para presidir a instituição em 2025
atualizado
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O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, brincou, nesta segunda-feira (22/4), com a autonomia do Banco Central (BC) ao tecer elogios públicos ao diretor de Política Monetária da instituição, Gabriel Galípolo.
Haddad discursou no Palácio do Planalto, em evento com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para lançamento do Programa Acredita, que reestrutura o mercado de crédito no país, com o objetivo de estimular a geração de renda, emprego e promover o crescimento econômico.
Uma medida provisória (MP) criando o programa foi assinada nesta segunda pelo presidente Lula e deverá ser publicada na edição de terça-feira (23/4) do Diário Oficial da União (DOU).
“Eu queria fazer referência aqui à presença do Gabriel Galípolo, sem quem nós não teríamos chegado a essa MP”, disse Haddad, no Palácio do Planalto.
Galípolo foi secretário-executivo de Haddad na Fazenda até junho de 2023, quando foi escolhido para uma das vagas no BC. Ele é o principal nome cotado para presidir a autoridade monetária a partir de 2025. O mandato do atual presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, se encerra em dezembro de 2024.
“O bacana da contribuição do Galípolo é que, mesmo ele tendo ido para o Banco Central, não deixou de acompanhar os trabalhos da Fazenda, de liderar uma boa parte desses trabalhos, inclusive junto à sua equipe no Banco Central, para que nós chegássemos a uma equação que pudesse permitir o lançamento desse programa tão importante para o desenvolvimento do país”, continuou o ministro.
“Não é porque ele é autônomo que a gente precisa ficar de mal dele. A gente pode continuar conversando com ele e desenvolvendo as coisas importantes”, brincou.
Haddad ainda defendeu uma “parceria” entre as autoridades públicas: “Somos todos servidores públicos, precisamos estar cada vez mais integrados para produzir os melhores resultados para o país, cada um com a sua competência, cada um com as suas prerrogativas, mas pensando em um futuro comum, não colocando órgãos públicos em conflito um com o outro. A gente pode trabalhar junto e vai continuar trabalhando junto em proveito do país”.
Escolhido por Paulo Guedes e próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Roberto Campos Neto (também chamado de RCN) vai encerrar seu mandato em 31 de dezembro de 2024. O próximo diretor ficará no cargo até, pelo menos, 2028.
Como é de praxe, o próximo indicado por Lula precisará passar por sabatina e votação no plenário do Senado para ser empossado na diretoria do BC.
Autonomia do BC
Com a lei de autonomia do Banco Central, de 2021, este é o primeiro governo que convive com uma diretoria não totalmente indicada pelo presidente da República eleito. Isso porque a legislação estabeleceu que os mandatos do presidente e dos diretores do BC têm duração de quatro anos, com início no dia 1º de janeiro do terceiro ano de mandato do presidente da República.
Ao longo de 2023, em ofensiva para a queda da Selic, Lula chegou a dizer que Campos Neto teria “compromisso com o outro governo [do ex-presidente Bolsonaro]”.
Com aproximação intermediada pelo ministro Haddad, Campos Neto se reuniu algumas vezes com Lula no segundo semestre do ano passado e participou de um jantar de confraternização oferecido pelo presidente na Granja do Torto em dezembro.