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Hackers tentaram invadir Telegram do celular de Alexandre de Moraes

O ministro foi informado pelo própria empresa que havia sido vítima de uma “tentativa frustrada” de invasão no aplicativo

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Alexandre de Moraes
1 de 1 Alexandre de Moraes - Foto: Daniel Ferreira/Metrópoles

O celular do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), sofreu uma tentativa de invasão entre o fim de abril e o início de maio. O período coincide com o qual o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), e a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, foram alvo de ataques virtuais do grupo preso pela Polícia Federal na Operação Spoofing.

Alexandre de Moraes foi informado pelo próprio Telegram que havia sido vítima de uma “tentativa frustrada” de invasão no aplicativo. O ataque não teve sucesso por ausência da senha de verificação dupla, que possibilita acesso ao login.

Após a tentativa de invasão, o ministro apagou o aplicativo, que usava pouco.

O grupo de hackers atingiu ainda o presidente da República, Jair Bolsonaro, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM), e cerca de outras 1 mil pessoas.

No caso de Bolsonaro, os investigadores já sabem que a tentativa de acessar os dados no aplicativo Telegram foi bem-sucedida e ocorreu neste ano. O conteúdo das mensagens, contudo, não será analisado pela Polícia Federal (PF), mas encaminhado à Justiça Federal. No Palácio do Planalto, o fato é considerado crime de segurança nacional.

A partir de uma espécie de central de grampos montada em Araraquara, no interior de São Paulo, os presos na Operação Spoofing tentavam acessar conversas privadas dos alvos. Nem todas as autoridades tiveram mensagens capturadas ou os celulares efetivamente invadidos, segundo as investigações preliminares da PF. Rodrigo Maia, por exemplo, afirmou que não utiliza o aplicativo Telegram, meio usado para invadir as contas das vítimas.

Bolsonaro disse não estar preocupado e que os hackers “perderam tempo” ao o escolherem como alvo. “Sempre tomei cuidado nas informações estratégicas. Essas não são passadas por telefone. Não estou nem um pouco preocupado se, porventura, algo vazar do meu telefone, não vão encontrar nada que me comprometa. Perderam tempo comigo”, afirmou o presidente durante visita em um colégio militar em Manaus. A informação de que o celular de Bolsonaro estaria entre os hackeados foi antecipada nessa quinta-feira (25/07/2019) pelo Estado.

Penas

Inicialmente, os quatro presos são investigados pelos crimes de invasão de dispositivos informáticos e interceptações telefônicas, com pena máxima prevista de 3 anos e 4 meses. Caso também sejam enquadrados na Lei de Segurança Nacional, como defendem integrantes do Planalto, a punição pode chegar a 15 anos de prisão.

A lista de autoridades alvo do grupo também inclui o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), José Otávio Noronha, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, além de pelo menos 25 membros do Ministério Público Federal. Ainda há dois ministros de Bolsonaro, Sergio Moro, da Justiça e Segurança Pública, e Paulo Guedes, da Economia. Nem todas as vítimas foram identificadas.

Modus operandi

Todos os quatro presos pela PF tiveram envolvimento no crime. Os investigadores já sabem que o cabeça do grupo é Walter Delgatti Neto, conhecido como Vermelho. Ele admitiu em depoimento ser responsável pelas invasões e ter repassado ao jornalista Glenn Greenwald, fundador do site The Intercept Brasil, o conteúdo das interceptações de autoridades, conforme revelou o Estado nessa quinta (25/07/2019).

De acordo com a PF, Delgatti Neto utilizava celulares e computadores de alta tecnologia para acessar as contas do aplicativo de conversas. A tática consistia em aproveitar uma falha no sistema de operadoras de telefonia que permite o acesso à caixa postal sem a necessidade de senha. A PF informou ainda ter enviado nessa quinta (25/07/2019) ofício à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) sobre as vulnerabilidades encontradas no sistema de telefonia no País.

Mesmo após a informação de que Bolsonaro foi alvo do ataque virtual, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou que por ora não há previsão de mudar procedimentos de comunicação na Esplanada.

A exemplo de Bolsonaro, Onyx mantém o número que usava antes de assumir o cargo. Eles se recusam a utilizar o aparelho criptografado oferecido pelo Gabinete de Segurança Institucional porque preferem falar pelo WhatsApp, que, para integrantes da área de segurança do governo, apresenta mais riscos.

O Terminal de Comunicação Seguro (TCS), desenvolvido pela Agência Brasileira de Inteligência para proteger informações trocadas entre autoridades, só permite comunicação com aparelhos similares. O próprio ministro do GSI, Augusto Heleno, usa o WhatsApp.

Onyx afirmou ainda que o assunto deve ser discutido em uma reunião ministerial prevista para a próxima terça-feira, caso haja alguma nova recomendação da Abin ou do Ministério da Justiça. “O WhatsApp a gente usa regularmente, quase todos (os ministros). Até porque é o (aplicativo) mais usado por toda a sociedade”, disse, ressaltando ter “zero preocupação” com eventuais vazamentos.

Em nota, o GSI disse que cabe às autoridades “optar pelo equipamento e operá-lo conforme suas necessidades funcionais”. “O TCS é móvel, possui funções de chamada de voz e troca de mensagens e arquivos criptografados com algoritmos de Estado”, afirmou.

 

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